Para quem mora em Fortaleza, ainda é possível visualizar a beleza dos botos-cinza que habitam na enseada do Mucuripe. Em 13 de dezembro de 2012, o boto-cinza (Sotalia guianensis) foi declarado Patrimônio Natural do Município de Fortaleza. Segundo lei municipal, cabe ao poder público e à coletividade a proteção da espécie e seu habitat.


Além do boto-cinza, a fauna marinha cearense é marcada pela diversidade.  Um trabalho recente do pesquisador João Eduardo Pereira e do Prof. Tito Lotufo (ambos do Labomar) apontaram 179 espécies de peixes. Dentre os invertebrados marinhos, há mais de 300 espécies. Na análise do biólogo e professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marcelo de Oliveira Soares, esse número é subestimado, devido a necessidade de mais pesquisas.


Segundo o biólogo, é imperativo que os municípios costeiros da orla implementem sistemas de esgotamento sanitário. A falta de tratamento de esgoto afeta e prejudica a vida marinha. Outro ponto que ele defende é a implantação de programas de educação ambiental. O pesquisador destaca que o costume local de jogar coisas no lixo, que terminam chegando aos rios e mares.


A falta de conhecimento da população sobre da fauna marinha é outro aspecto que precisa ser trabalhado, avalia Soares. “Este é outro aspecto relevante. Embora não tenhamos dados para afirmar, supõe-se um grande desconhecimento da população cearense sobre este nosso imenso patrimônio. Eu mesmo já vi várias pessoas afirmarem que no mar de Fortaleza tem pouca vida, só alguns peixes, o que é um absurdo”, lamenta o pesquisador.

Diversidade

O litoral de Fortaleza, explica o biólogo, possui uma rica vida marinha. Nas praias arenosas da Barra do Ceará até a Sabiaguaba há uma grande diversidade entre os grãos de areia. Nas rochas que formam piscinas naturais no Meireles, Titãzinho, no Vila do Mar, pode-se observar corais, caranguejos, moluscos, lagostas, dentre outros animais. “No mar de Fortaleza existe também uma rica vida marinha com botos-cinza, tartarugas, peixes, tubarões, corais, águas vivas, estrelas-do-mar, dentre uma série de outros animais. Na própria água do mar há uma rica vida microscópica, só observada em microscópios. Outro lugar importante (com uma vida entre o mar e os rios) são os mangues, como no Rio Ceará e no Parque do Cocó. Deve-se salientar que como estamos na região tropical nossa diversidade é bastante elevada, porém ainda pouca estudada e conhecida pela população”, comenta Soares.

Impactos

Conforme o pesquisador, a pesca e o cultivo (peixes, camarões, etc) são importantíssimas no Ceará, e devem adotar medidas sustentáveis e responsáveis para manter a biodiversidade, evitando impactos negativos. “Sem a nossa fauna marinha, perderemos um dos principais recursos que mantém a nossa economia, e que pode representar um grande potencial no futuro, como no caso da geração de medicamentos. Inúmeras pesquisas da UFC (aqui cito como exemplo o Departamento de Química e o Departamento de Farmacologia) apontam que a nossa vida marinha tem potencial para combater o câncer, processos inflamatórios, propriedade anticoagulantes, dentre outros”, revela Soares.


Com informações da jornalista Camila Vasconcelos

 

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