Nunca estivemos tão conectados. O computador com internet foi o item que mais cresceu nos lares brasileiros de acordo com a última pesquisa Pnad (IBGE), divulgada semana passada. Entre 2009 e 2011, mais 40% das casas no País passou a ter conexão à rede mundial de computadores. Mas o mundo da hiperconexão está nos tornando mais felizes ou mais ansiosos e deprimidos?


 


Quem também vive o dilema, terá mais elementos para pensar a respeito a partir da palestra de uma das maiores estudiosas da felicidade residentes no Brasil: Susan Andrews, antropóloga e Doutora em Psicologia, coordenadora do Instituto Visão Futuro, parque ecológico situado no município de Porangaba, São Paulo. Ela fará a palestra da solenidade de entrega do Prêmio Ghandi,  neste 27 de setembro, no auditório da Fiec, numa promoção da Agência da Boa Notícia. Susan Andrews também desenvolve projetos de Educação para o gerenciamento do stress e a comunicação empática com crianças e jovens em escolas públicas de São Paulo, Rio Grande do Sul e Brasília.


 


Andrews costuma citar o estudo de Nicholas Christakis, médico e sociólogo da Universidade de Harvard, que, após mapear, durante 20 anos, as redes de relações sociais de 4.700 pessoas, constatou que a sensação de satisfação com a própria vida aumenta quanto mais cada um está ligado, mesmo sem conhecer diretamente –  através de amigos dos amigos –  a outras pessoas felizes. “Sua felicidade depende não somente das suas escolhas e ações, mas também das escolhas e ações de pessoas que você nem conhece e que estão um, dois ou três níveis distantes de você”, diz o autor da pesquisa, que foi realizada antes do boom dos sites de redes sociais na internet.


 


Porém, se a hiperconexão possibilita nos contagiar pelo bem-estar do contato com pessoas que nem sequer conhecemos, por outro lado, a  “ansiedade de referência” gerada pelas constantes comparações com a vida dos outros no Facebook e Twitter também é produtora de ansiedade e depressão. Em seu livro “A Ciência de Ser Feliz” (Ed. Ágora, 2011), Andrews cita vários estudos recentes que demonstram a relação entre a insatisfação com a própria vida e a comparação com o que os outros têm ou parecem ter.  No mundo em que “parecer feliz” o tempo todo se tornou uma obsessão, ouvir Susan Andrews pode ser uma inspiração para hábitos mais saudáveis de comunicação e para as conexões mais autênticas nas nossas redes sociais.


 


Artigo publicado no dia 25 de setembro no jornal O Povo e reproduzido neste site com autorização da autora


 


Geísa Mattos é jornalista, pesquisadora e professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará


 

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