Em um feito extraordinário, médicos de um hospital em Boston, nos EUA, repararam cirurgicamente um vaso sanguíneo malformado no cérebro de um bebê enquanto ele ainda estava no útero. A menina Denver Coleman, nascida em meados de março, recebeu alta hospitalar algumas semanas após o nascimento e não precisou de medicamentos ou outros tratamentos desde então. “Eu a ouvi chorar pela primeira vez e não consigo nem colocar em palavras como me senti naquele momento”, disse a mãe, Kenyatta Coleman, à CNN. “Foi o momento mais bonito poder segurá-la, olhar para ela e depois ouvi-la chorar”.

Em um artigo publicado na revista Stroke, os médicos descreveram o procedimento inédito, que foi conduzido como parte de um ensaio clínico em andamento. De acordo com o site LiveScience, o estudo tem como objetivo encontrar uma nova maneira de tratar a malformação aneurismática da veia Galeno (MAVG), uma anomalia rara que afeta os vasos sanguíneos que transportam sangue oxigenado do coração para o cérebro, o que pode causar pode causar insuficiência cardíaca congestiva, pressão arterial elevada nas artérias dos pulmões (hipertensão pulmonar), lesão e perda de tecido cerebral, ou aumento da cabeça (hidrocefalia).

Créditos: Imagem da esquerda – American Heart Association. Imagem da direita – Laughlin Dawes/Wikimedia Commons

De acordo com um comunicado da American Heart Association (AHA), o MAVG afeta cerca de 1 em cada 60 mil nascimentos. O tratamento padrão ocorre após o nascimento e envolve o bloqueio das conexões artéria-veia da malformação. No entanto, esse procedimento nem sempre pode reverter o início da insuficiência cardíaca, e pode ser tarde demais para evitar danos cerebrais incapacitantes ou fatais.

“Em nosso primeiro caso tratado, ficamos entusiasmados ao ver que o declínio agressivo geralmente visto após o nascimento simplesmente não apareceu”, disse Darren Orbach, codiretor do Centro de Intervenções e Cirurgia Cerebrovascular do Hospital Infantil de Boston, professor associado de radiologia da Escola de Medicina de Harvard e principal autor do artigo que relata o caso.

“Temos o prazer de informar que, com seis semanas, a criança está evoluindo notavelmente bem, sem medicamentos, comendo normalmente, ganhando peso e já voltou para casa”, disse Orbach. “Não há sinais de efeitos negativos no cérebro”.

O procedimento “transuterino” aconteceu quando Kenyatta Coleman estava com 34 semanas e dois dias de gestação – um mês após o diagnóstico feito por meio de uma ultrassonografia. Após o procedimento, a bebê começou a vazar líquido amniótico, o que significa o rompimento da bolsa, então os médicos fizeram o parto por indução vaginal dois dias depois.

A recém-nascida não necessitou de suporte cardiovascular ou cirurgia após o nascimento, sendo monitorada na unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal por algumas semanas antes da alta.

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