Em Belém, numa cidade pequena, nasce uma pobre criança, aliás, nem nasce na cidade, e sim no campo, como tão bem sabemos, numa manjedoura, entre animais e pastores. Essa criança veio com a missão de dar a vida por suas ovelhas, chamando a atenção para a realidade do seu mundo: antagonismos e mundo envolto em mistério. Nasce no meio da noite, na escuridão, mas na condição de luz ou estrela, guiando e iluminando os passos da humanidade. Ninguém melhor do que Dom Helder Câmara para assimilar a riqueza do mistério da encarnação: “Se eu pudesse sairia povoando de sono e de sonhos as noites mal dormidas dos desesperados”[1].


Estamos diante do eixo da nossa fé pelos anjos, que anunciam aos pastores o nascimento do Salvador da humanidade, ao mesmo tempo em que no Oriente, distante e longínquo, surge uma estrela, com a missão de comunicar aos magos o nascimento da verdadeira Estrela da humanidade[2]. É forte o significado paradoxal da estrela, vista como um instrumento estranho e, ao mesmo tempo, belo e maravilhoso. Percebe-se, pedagogicamente, a ação de Deus, ao se manifestar através da estrela, desaparecendo-se, em seguida, e não sendo causa de preocupação para aqueles homens de Deus: os magos.


Deus se revelou há mais de dois mil anos naquela criança. O inaudito e misterioso encontro dos magos com o Menino Jesus não deixa dúvida da verdadeira Estrela, a luz da vida, que quer sempre mais iluminar e aquecer os que andam na escuridão e na sombra da morte[3].  Como seguidores ou discípulos de Jesus de Nazaré, somos convidados a dar continuidade à obra por Ele iniciada. Sabemos que Jesus está junto do Pai, mas, ao mesmo tempo, presente e caminhando com seu povo, inspirando-nos com mentes férteis e corações renovados, deixando-nos claro que temos que nos deixarmos guiar pela estrela do nosso feliz destino: a glória.


Que no espírito do Natal, no exemplo dos magos, que se deixaram ser guiados pela estrela, busquemos a ternura de Deus neste ano de 2017, no convite feito às pessoas de boa vontade, de “participar da divindade daquele que uniu a Deus nossa humanidade”[4], manifestando-se como luz a iluminar todos os povos no caminho da salvação[5]. Saibamos experimentar misteriosamente “a troca de dons entre o céu e a terra”[6] de um Deus que, como luz, ilumina a história da humanidade.


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