O jogo começou em 2007. E não parou mais. Naquele ano o jornal The New York Times foi disponibilizado on line gratuitamente para os seus leitores.  À princípio não se precisaria pagar pelo acesso ao conteúdo do jornal. Logo depois foi a vez do Wall Street Journal que usava um modelo inteligente, híbrido, que dava acesso às noticias gratuitamente á pessoas que quisessem compartilhá-las  on line e iam parar em blogs, ou outras mídias sociais. O que se seguiu foi uma tentativa de cobrar pelas reportagens, entrevistas, comentários especiais. Seria uma forma da empresa bancar o grátis com os novos assinantes on line.


Em alguns veículos até que o número não foi desprezível, mas o faturamento estava muito distante das receitas geradas pela publicidade. Esta vinha suportando as empresas jornalísticas dede os século 19. Contudo as verbas publicitárias começaram a  minguar em uma constante que deixou de cabelo em pé, acionistas, gestores e jornalistas. Estes ameaçados de perder o emprego com o sistemático enxugamento que as redações sofreram. Muitos veículos pelo mundo fecharam as portas, alguns tradicionais como jornais e revistas. Atualmente mais de um terço da humanidade está produzindo a própria informação e compartilhando –a por meio de vídeos, textos e áudios. Sem a intermediação de jornalistas.


O dilema era migrar ou não totalmente para o on line. Ou coexistir as plataformas enquanto fossem possíveis. A Internet se misturou em tudo. Jornais, revistas, rádios, tevês agregaram a plataforma e passaram a competir com outros sites que viviam só no on line. A confluência das mídias ficou evidente, o o site de um jornal centenário, passou a exibir a sua tevê, rádio, e todas as ferramentas de compartilhamento e interatividade. Foi e é um turbilhão ainda mal digerido pela mídia contemporânea. É muito mais do que dizer que a plataforma de tinta e papel vai acabar. Aparentemente as notícias são grátis, ninguém precisa pagar para ter acesso ao que é básico, mas de uma forma diferente do financiamento das tevês e rádios abertas. A gratuidade está sendo abastecido pelas tecnologias da era digital.


As empresas de comunicação estão desenvolvendo atividades econômica marginais, para bancar o que, aparentemente, é o seu principal produto. Ela entrega a notícia mas enche a página de pop ups, banners, ofertas de vendas on line, links de toda sorte para outros produtos subrepticiamente anunciados.  Assim  como as operadoras de telefonia tentam vender outros produtos como, por exemplo,  mensagem de texto. Aí está o lucro e não na venda de chamadas telefônicas. O custo é praticamente zero.


No passado se dizia que os veículos de comunicação vendiam a audiência aos anunciantes. A publicidade bancava os custos e os lucros das empresas. Com o advento do mundo dos bits tudo ficou de pernas para o ar. Os gerentes de marketing, mídias, agências de publicidade correm de um lado para o outro sem saber exatamente onde está o norte do faturamento.


A tecnologia contemporânea tem quebrado paradigmas e não há como remendá-los.O que aconteceu com a locadora de filmes favorita? Sucumbiu ao Netflix e assemelhados. E os milhões de long plays, cds, DVDs dos grandes ídolos da música em todo mundo? Sumiram, uma boa parte das músicas estão à disposição em vários ambientes do novo ecossistema, entre eles o You Tube. Portanto o artista disponibiliza suas músicas de graça e tenta faturar nos shows, artigos promocionais, licenciamentos e outros itens pagos. Economia marginal, como diz Chris Anderson. Um número crescente de autores de livros está disponibilizando-os por um preço camarada, ou até mesmo de graça. O jogo continua.                  

Heródoto Barbeiro é escritor e jornalista da RecordNews e R7.com – herodoto@r7.com

*Artigo publicado no blog do autor (noticias.r7.com/blogs/herodoto-barbeiro) e reproduzido com sua autorização

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