Em 1970 a população rural e urbana do Brasil se equilibrou. Graças ao desenvolvimento da região sudeste milhões de pessoas deixaram o seu rincão e se estabeleceram nas grande cidades. A concentração continuou nas décadas seguintes ; Houve uma mudança populacional geográfica no país. Hoje cerca de 80 por cento dos brasileiros vivem em grandes manchas urbanas. Deixaram de ser cidades. Elas se juntaram em um fenômeno conhecido como conurbação e formam aglomerados de 25 milhões de pessoas, como na Grande São Paulo. Não se sabe onde começa uma cidade e onde acaba outra. Na década de 1950 ninguém acreditaria nessa mudança, assim como muitos não acreditam que Rio e São Paulo vão se tornar uma única cidade unidas pela Via Dutra ainda que entre elas haja uma distância de 420 kms.


 

Urbanizar significa planejar, executar e gerir uma massa humana concentrada e verticalizada. Para isso é preciso multiplicar sistemas de transportes público, saúde, educação, saneamento, etc. Tudo é essencial para se viver de forma confortável. Contudo nada é mais valioso do que o abastecimento de água. O Estado precisa prover a população de água e o consumo aumenta na medida que melhora o padrão de vida das pessoas. Mais máquinas de lavar, tanquinhos, lavadoras de alta pressão, aquecimento central em casas e apartamentos. Tudo isso pressiona a produção de mais água. A cidade bebe cada vez mais água e por isso ela precisa ser buscada cada vez mais longe e tratada o que aumenta o custo do metro cúbico que se acumula em caixas e cisternas.


O paradoxo é que as águas são drenadas de mananciais que são invadidos e poluídos pela população que precisa da água. A noção que vem do passado é que a água é inesgotável, o Brasil tem os mais caudalosos rios do mundo, o aquífero Guarani é uma dádiva divina e por aí vai. Não é bem assim. Ainda que muitos não acreditem que o planeta vai passar por sérias mudanças climáticas – alguns são os mesmos que não acreditam que o homem chegou na Lua – e elas estão chegando. Calor excessivo em uma região, frio na outra. Excesso de chuva em uma área, seca impiedosa em outra. Enfim, a economia e o respeito pela água precisa faze parte do índice do código de cidadania. Não é mais possível achar que a água não é um problema do cidadão, mas do Estado. Para isso se paga a conta religiosamente. Isto não é suficiente. A sociedade como um todo precisa ser convocada para economizar, usar água de reuso, banir hábitos coloniais como lavar calçadas e pátios, captar toda a água de chuva possível e não poluir as nascentes.


Artigo publicado no blog do autor (noticias.r7.com/blogs/herodoto-barbeiro) e reproduzido neste site com sua autorização

* Hérodoto Barbeiro é escritor e jornalista da RecordNews e R7.com – herodoto@r7.com

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