A fonte da juventude pode parecer um sonho. Mas houve época em que alguns viajantes europeus acreditavam que ela, de fato, existia. Assim, saíram em busca dela e um deles foi um nobre espanhol, filho de família muito antiga e muito rica, chamado Juan Ponce de León. Nascido em Tierra de Campos, Espanha, em 1460, Ponce de León, enquanto os outros vinham para o Novo Mundo em busca de ouro ou de riquezas inesperadas, procurava um tesouro diferente: a fonte da juventude. Como estava com mais de cinquenta anos e esta idade, naquele tempo, quando se morria muito cedo, era bastante rara, o nobre espanhol se pôs a procurar por ela por mais que parecesse improvável.


 


Baseado em velhas lendas gregas e romanas nas quais a deusa Juno, para se mostrar sempre jovem e atraente para Júpiter, se banhava em uma fonte, Ponce de León montou uma esquadra e veio para o Novo Mundo. Aqui procurou uma ilha chamada Bímini porque era nesta ilha, segundo ele, que estava a água com a qual alguns monges batizavam certos fieis muito velhos e estes rejuvenesciam imediatamente. Ponce de León, no entanto, nunca chegou à ilha de Bímini. Mas chegou em uma outra, toda florida, à qual deu o nome, justamente, de Ilha Florida que, hoje, se chama Flórida. 


 


Voltando para a Espanha, porque não havia dado com o que tanto queria, a fonte da eterna juventude, o nobre espanhol foi ridicularizado pelos amigos. Afinal, havia partido certo de que haveria de dar com ela e, como voltou mais velho e não mais jovem, seu sonho não fazia sentido. Montando uma nova esquadra, no entanto, partiu novamente e tomado, momentaneamente, por uma demência súbita e muito esquisita, se pôs a beber toda e qualquer água que encontrava no Novo Mundo. Nenhuma delas, porém, produzia o efeito esperado por ele.


 


Morto em 1521 em Cuba depois de ser ferido por uma flecha, há quem diga que Ponce de León, quando expirou, não foi por causa da flecha que o atingiu, mas do sofrimento de não ter dado com o que tanto queria e tinha certeza de que, um dia, alguém haveria de descobrir. A fonte da juventude de hoje, porém, mudou de endereço. Ninguém procura por ela em uma ilha ou um continente desconhecido, mas em uma clínica onde entregam a sua vida nas mãos de um homem que usam o bisturi, muitas vezes, como uma flecha e não, necessariamente, uma varinha de condão. 


 


Natalício Barroso é jornalista e escritor


 

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here