O sucesso recente de filmes como “Chico Xavier”, “Nosso Lar”, minisséries televisivas, mostras de Teatro Transcendental e, por último, um filme abordando “O Livro dos Espíritos”, tem despertado o interesse das pessoas pelo fenômeno da mediunidade, a comunicação entre vivos e mortos, ou encarnados e desencarnados, como ensina a doutrina espírita.


Mas a presença do Espiritismo na vida do povo brasileiro não é de hoje. Em 1853, o Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro, já noticiava o curioso fenômeno das “mesas girantes” nos salões europeus que em breve chamariam a atenção do professor Rivail, futuro Allan Kardec.


Na década de 1860, a doutrina espírita chegaria ao Brasil e se fundariam os primeiros grupos e jornais. De lá para cá foram muitas as perseguições aos pioneiros espíritas, especialmente contra as curas espirituais e o receituário mediúnico. O Espiritismo tornou-se uma religião cristã no conceito brasileiro, expandiu-se em trabalhos assistenciais, mas a prática mediúnica continuou um fundamento. A trajetória exemplar do médium Chico Xavier reforçou a ideia de que todo espírita “recebe espíritos”. Não! Nem todo espírita é médium, como nem todo médium é espírita. A questão é oportuna, sobretudo, porque este ano “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, completou 150 anos de sua publicação. Esta segunda obra da codificação espírita trata de desfazer muitos equívocos sobre as manifestações dos espíritos ou mortos – como ver tradição ocidental cristã -, discutindo o maravilhoso e o sobrenatural, locais assombrados, ideias fantasmagóricas e crenças demoníacas… Ali, Kardec também define mediunidade, tipos de médiuns, formação dos médiuns, evocações, obsessão, modos de manifestações dos espíritos, os inconvenientes e perigos do trato mediúnico…Clássico da cultura religiosa ocidental, a obra mostra a faculdade mediúnica como condição humana, apenas mais ostensiva nalgumas pessoas que noutras, independendo de religião, condição social, etnia, etc.


Enfim, “Toda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium”, diz o codificador.


Marcos José Diniz Silva – historiador e professor da UECE

Artigo publicado no jornal Diário do Nordeste e reproduzido neste site com autorização do autor

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here