Nos centros onde se manipulam os cordéis do capitalismo, ninguém fala em mudança na ordem econômica mundial. Vai tudo muito bem, desde que rios de dinheiro continuem fluindo na direção das grandes empresas, abarrotando os bancos e alimentando a indecência das mega-fortunas. Mas uma grande e decisiva guinada precisa ser dada no modelo que hegemonicamente dá as cartas no Ocidente e Oriente, sob pena de se abreviar a história da raça humana no planeta azul.


O Sistema, essa entidade invisível e todo-poderosa, faz a sociedade acreditar que é possível seguir consumindo desbragadamente. Impõe como dogma a necessidade de crescimento continuado e entroniza como sagrado um instrumento de aferição: o PIB. A ordem é girar a roda da economia cada vez mais velozmente, é consumir, investir, importar, exportar, lucrar, não importando o rastro que fica atrás da caravana.


A conta, porém, é alta. E já está sendo cobrada. A queima de combustíveis fósseis para movimentar fábricas e automóveis, a devastação dos ambientes naturais pelas atividades de mineração ou para ampliar as fronteiras da agricultura e da pecuária, a utilização de produtos poluentes que se perpetuam na natureza, tudo isso está decretando a morte lenta do planeta.


Segundo estudo da organização humanitária Oxfam, as vítimas de desastres naturais provocados pelas mudanças climáticas aumentarão em mais de 50 por cento nos próximos cinco anos. No calendário desse holocausto, o amanhã já chegou. As inundações, as secas e furacões estão se sucedendo com frequência e intensidade jamais vistas. O aquecimento global, podemos senti-lo na pele. Teme-se que se tenha tornado irreversível.


Quem sabe, porém, ainda haja tempo de refrear a corrida rumo ao abismo. É hora de dar atenção àquelas vozes que ecoam mensagens de uma lucidez desconcertante: mais respeito à natureza, menos ambição, mais ética e solidariedade, menos consumo, menos PIB, mais Felicidade Interna Bruta.


* Artigo publicado em 02.10.2009 no jornal O Povo e reproduzido neste site com autorização do autor.

 




Italo Gurgel

Jornalista, Coordenador de Comunicação Institucional da Universidade Federal do Ceará

italogurgel@yahoo.com.br

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