Ao todo, 31 escolas receberam o Selo Escola Antirracista Crédito: Rogério Bié/Seduc/Reprodução

Escolas do Ceará receberam na manhã desta sexta-feira, 24, a premiação Selo Escola Antirracista. A premiação faz parte da campanha do Novembro Negro, além da Semana Estadual da Consciência Negra. Ao todo, 31 unidades de ensino da rede pública estadual foram reconhecidas por boas práticas na área da Educação para as Relações Étnico-Raciais.

Para a certificação das escolas, foram levados em conta projetos pedagógicos inovadores, nos aspectos da inclusão educacional e da superação do racismo, que fortalecessem o pensamento crítico, o protagonismo estudantil e a interação com a comunidade escolar.Ao todo, 101 escolas se inscreveram na seleção, e mais de mais de mil boas práticas em gestão para equidade étnico-racial, realizadas ao longo do ano, foram identificadas. De acordo com a secretaria de Equidade e Direitos Humanos, a certificação deve continuar a ser realizada nos próximos anos e a iniciativa deve ser transformada em Lei estadual para oficializar o ‘Selo Escola Antirracista do Estado do Ceará’.

Reformulação do projeto pedagógico

Uma das premiadas, a EEEP Professora Alda Façanha realizou uma série de tarefas como a reformulação do seu Projeto Político-Pedagógico, criação de palestras, oficinas práticas e até a gestão do espaço físico. “Queremos transformar a escola, incluindo a formação continuada dos professores. Buscamos sensibilizá-los para esse tema, para sensibilizar também os alunos. É um tema muito relevante para eles, principalmente porque a maioria são negros, pretos e pardos, que vivem o racismo, mas nem sempre estão familiarizados com alguns conceitos e têm curiosidades sobre autoidentificação”, comenta a coordenadora pedagógica da escola, a professora Lara Saraiva.

Neste ano, o II Seminário Estadual em Educação para as Relações Étnico-Raciais teve como temática “Mulheres negras – tecendo vivências e trajetórias”. Sobre isso, a socióloga e antropóloga ressalta que as escolas devem manter as atividades como um compromisso cotidiano, não apenas em novembro (mês da Consciência Negra).“Quanto às mulheres negras, é fundamental destacar que elas são o grupo mais vulnerável e, por muito tempo, foram invisíveis nos próprios movimentos sociais. Queremos cuidar das nossas alunas negras, que muitas vezes não são reconhecidas por sua inteligência, sendo julgadas apenas por critérios estéticos. Queremos empoderá-las. Como disse Nina Simone: ‘Liberdade é não ter medo’. Queremos que nossas alunas negras vivam sem medo, sejam livres e se empoderem”, destaca Lara Saraiva.

Leonardo Nunes Bezerra, de 17 anos, é estudante da EEEP Dona Creusa do Carmo Rocha, de Fortaleza. Ele é membro do coral afro-referenciado Canto em Grupo. Para ele, é gratificante se sentir representado e poder expressar sua identidade no ambiente escolar.“Acredito que é importante que esses assuntos sejam tratados de forma mais natural, para que as pessoas não vejam as pautas raciais como algo negativo. Isso também se aplica às crianças pequenas, que devem se sentir representadas desde cedo para que possam desenvolver uma compreensão saudável de quem são”, diz o estudante.

Fonte: Jornal O Povo

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