Com o tema “Fraternidade e Tráfico Humano”, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou na Quarta-feira de Cinzas (5), em sua sede em Brasília (DF), a Campanha da Fraternidade 2014. O lema é inspirado na carta aos gálatas “é para a liberdade que cristo nos libertou” (5,1). No Ceará, a abertura da CF-2014 pela Arquidiocese de Fortaleza foi com missa às 18h30min na Catedral Metropolitana de Fortaleza, celebrada por Dom José Antonio Aparecido Tosi Marques, arcebispo de Fortaleza. Nessa quinta-feira (6), às 15h, no Centro de Pastoral “Maria, Mãe da Igreja” (Rua Rodrigues Júnior, 300, Centro) com a presença dos representantes de setores eclesiais e civis relacionados ao tráfico humano, houve sessão de abertura da CF, com realização de coletiva de imprensa.


Em Brasília, o lançamento da campanha foi coordenado pelo bispo auxiliar daquela capital e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner. Para ele, a Igreja inicia um “tempo de conversão” em se tratando da Quaresma. No Brasil, a Conferência dos Bispos apresenta a Campanha da Fraternidade “como itinerário de libertação pessoal, comunitária e social”. Por ocasião do lançamento, foi lida mensagem do Papa Francisco sobre a Campanha. No texto, o Papa destaca: “Não é possível ficar impassível, sabendo que existem seres humanos tratados como mercadoria! Pense-se em adoções de criança para remoção de órgãos, em mulheres enganadas e obrigadas a prostituir-se, em trabalhadores explorados, sem direitos nem voz, etc. Isso é tráfico humano!”.


O objetivo da CF-2014 é identificar as práticas de tráfico humano em suas várias formas e denunciá-lo como violação da dignidade e da liberdade humana, mobilizando cristãos e a sociedade brasileira para erradicar esse mal, com vista ao resgate da vida dos filhos e das filhas de Deus, conforme está no texto base da campanha. “Os criminosos deste tráfico exploram pessoas de várias atividades: construção, confecção, entretenimento, sexo, serviços agrícolas e domésticos, adoções ilegais, remoção de órgãos e outras. As vítimas normalmente são aliciadas com falsas promessas de melhores condições de vida em outras cidades ou países. Por isso, o tráfico humano é frequentemente vinculado à migração, sobretudo quando o migrante está sob alguma forma de ilegalidade dentro ou fora do país”, destaca o documento.


Mensagem do Papa Francisco na íntegra:

Queridos brasileiros,


Sempre lembrado do coração grande e da acolhida calorosa com que me estenderam os braços na visita de fins de julho passado, peço agora licença para ser companheiro em seu caminho quaresmal, que se inicia no dia 5 de março, falando-lhes da Campanha da Fraternidade que lhes recordo a vitória da Páscoa: “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gal 5,1). Com a sua Paixão, Morte e Ressurreição, Jesus Cristo libertou a humanidade das amarras da morte e do pecado. Durante os próximos quarenta dias, procuraremos conscientizar-nos mais e mais da misericórdia infinita que Deus usou para conosco e logo nos pediu para fazê-la transbordar para os outros, sobretudo aqueles que mais sofrem: <>. Neste sentido, visando mobilizar os cristãos e pessoas de boa vontade da sociedade brasileira para uma chaga social qual é o tráfico de seres humanos, os nossos irmãos bispos do Brasil lhes propõe este ano o tema “Fraternidade e Tráfico Humano”.


Não é possível ficar impassível, sabendo que existem seres humanos tratados como mercadoria! Pense-se em adoções de criança para remoção de órgãos, em mulheres enganadas e obrigadas a prostituir-se, em trabalhadores explorados, sem direitos nem voz, etc. Isso é tráfico humano! <> (Discurso aos novos Embaixadores, 12/XII/2013). Se, depois, descemos ao nível familiar e entramos em casa, quantas vezes aí reina a prepotência! Pais que escravizam os filhos, filhos que escravizam os pais; esposos que, esquecidos de seu chamado para o dom, se exploram como se fossem um produto descartável, que se usa e se joga fora; idosos sem lugar, crianças e adolescentes sem voz. Quantos ataques aos valores basilares do tecido familiar e da própria convivência social! Sim, há necessidade de um profundo exame de consciência. Como se pode anunciar a alegria da Páscoa, sem se solidarizar com aqueles cuja liberdade aqui na terra é negada?


Queridos brasileiros, tenhamos a certeza: Eu só ofendo a dignidade humana do outro, porque antes vendi a minha. A troco de quê? De poder, de fama, de bens materiais… E isso – pasmem! A troco da minha dignidade de filho e filha de Deus, resgatada a preço do sangue de Cristo na Cruz e garantida pelo Espírito Santo que clama dentro de nós:<< “Abbá, Pai!”>> (cf. Gal 4,6). A dignidade humana é igual em todo o ser humano: quando piso-a no outro, estou pisando a minha. Foi para a liberdade que Cristo nos libertou! No ano passado, quando estive junto de vocês afirmei que o povo brasileiro dava uma grande lição de solidariedade; certo disso, faço votos de que os cristãos e as pessoas de boa vontade possam comprometer-se para que mais nenhum homem ou mulher, jovem ou criança, seja vítima do tráfico humano! E a base mais eficaz para restabelecer a dignidade humana é anunciar o Evangelho de Cristo nos campos e nas cidades, pois Jesus quer derramar por todo o lado vida em abundância (cf. Evangelii gaudium, 75).


Com estes auspícios, invoco a proteção do Altíssimo sobre todos os brasileiros, para que a vida nova em Cristo lhes alcance, na mais perfeita liberdade dos filhos de Deus (cf. Rm 8, 21), despertando em cada coração sentimentos de ternura e compaixão por seu irmão e irmã necessitados de liberdade, enquanto de bom grado lhes envio uma propiciadora Bênção Apostólica.


Vaticano, 25 de fevereiro de 2014.


Francisco

Com informações da CNBB e da Arquidiocese de Fortaleza. Contatos: Janayna Gomes – Setor de Comunicação da Arquidiocese – (fones: 85 9921 6701 / 33888703) / Secretariado de Pastoral de Comunicação – (fone: 85 3388 8701 / 3388 8702)


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