Embora o assunto corrupção (política) seja o mais badalado nos últimos anos no Brasil, já faz um tempo que não se menciona a famosa “lei do Gerson” – para os mais jovens – resumida na expressão: “gosto de levar vantagem em tudo. Certo!” E por que lembrá-la? É simples. Mesmo que todos saibam que é dever do cidadão zelar pelo patrimônio público administrado pela classe política e cobrar de seus representantes mandato em benefício da coletividade, tolhendo possíveis desvios, sabemos que não é tarefa fácil. Então repete-se sempre que o mal do Brasil é a corrupção dos políticos. Aí entra a “lei do Gerson”, pois existe uma cultura da corrupção entranhada em nosso cotidiano – nos microespaços – que praticamos e não enxergamos.


Veja-se o cidadão que suja ruas e praças, condutores que subvertem normas de trânsito, empresários que sonegam impostos, licitações quase sempre ilícitas, servidores públicos que não servem de fato, estudantes e profissionais que plagiam trabalhos, fiscalização de faz de conta, suborno, “é só um jeitinho”, falsificações, pessoas furando filas… Depois, hipocritamente, as mesmas pessoas apontam os políticos corruptos, carregam faixas pedindo punição severa. E precisam! Mas, a diferença está apenas na dimensão.


Muitos desses cidadãos corruptos poderão ser eleitos ou alçados a cargos públicos, e levarão o costume de sempre levar vantagem em tudo para patamares macrossociais. E com isso fecha-se o círculo vicioso. Enfim, se não se aplica individualmente o “atire a primeira pedra quem…”, nunca haverá justiça implacável e solução duradoura à nossa endêmica corrupção.


Marcos José Diniz Silva é historiador e professor da Uece

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