Vem chegando a terceira idade. Como a vida passa rápido! O passado é tão presente e o ontem tão hoje! O tempo galopa e já me põe no limiar da velhice, a última e agora a mais longa estação da existência. Como vivermos esse último período da vida, sem os desenganos?
A vida humana se expressa em quatro dimensões: corporal, mental, social e espiritual.
As duas primeiras marcam principalmente a infância e a adolescência (aproximadamente até os 18 anos); as duas últimas afirmam-se mormente na juventude e na adultícia (mais ou menos entre 18 e 60).
A dimensão espiritual está presente em todas as fases da vida, mas é na velhice que normalmente alcança seu apogeu.
É nessa fase que as pessoas têm a última oportunidade de evoluírem, de melhorarem a si mesmas e de se transformarem em criaturas superiores, preparando-se para o retorno definitivo à dimensão da espiritualidade.
É esse o sentido maior da terceira idade, onde a vida não se acaba, mas se reinventa sábia, ressignificada na espiritualidade.
O corpo definha, mas o espírito se fortalece.
Teilhard de Chardin dizia que somos seres espirituais numa experiência humana.
Por isso, essa última fase é, antes de tudo, tempo de conversão, de espiritualidade.
Sem espiritualidade, pouco contribuem os exercícios físicos, ou até mesmo os cuidados médicos, ou ainda uma alimentação saudável, pois tudo isso é vencível pela velhice, uma fase da vida quase sem encantos temporais, uma já quase-doença, quando não se tem uma motivação transcendental para existir.
Em termos práticos, a espiritualidade é conversão a uma vida superior, alicerçada na solidariedade e no serviço aos outros, na construção de um ser mais evoluído e na busca da verdade, caminho seguro para uma velhice serena e feliz.
Que me venham as cãs, e sem pintura, desde que eu tenha mais experiência de espiritualidade.
*Artigo publicado no Diário do Nordeste e reproduzido neste site com a autorização do autor.
Roberto Maciel
– Jornalista
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