Em rara entrevista para uma emissora de TV dos Estados Unidos, a identidade do quinto paciente curado do vírus do HIV foi revelada. O homem se chama Paul Edmonds, 67 anos, que mora na Califórnia. Ele foi diagnosticado com AIDS em 1988 e teve a remissão total da doença em julho de 2022. Na época, ele era conhecido anonimamente como o ‘paciente da Cidade da Esperança’, em homenagem ao hospital em que foi tratado.

Paul foi curado por meio de um raro transplante de células-tronco do sangue de uma pessoa que tem uma mutação sanguínea que os torna resistentes ao HIV. O transplante muitas vezes pode resultar em infecção mortal. Por causa disso, é reservado para pessoas como Edmonds, que sofrem de câncer em estágio avançado. “Fiquei incrivelmente agradecido. Estou grato por estar vivo. Fiquei grato por haver um doador”, disse ele à  rede americana ABC.

Em 2018, Edmonds foi dianosticado com leucemia, câncer no sangue. Embora a doença seja relativamente rara, muitas vezes é mortal. Enquanto ele passava pela quimioterapia, os médicos perceberam que tinham uma chance de curar o paciente de ambas as doenças ao mesmo tempo.

Transplante raro e inovador

Um raro transplante de células-tronco que havia sido usado com sucesso em quatro pacientes anteriores que sofriam das duas doenças tornou-se uma opção para ele. Como o tratamento em si pode ser mortal, os médicos só o utilizam em pessoas que estejam com a doença em níveis avançados, como foi o caso de Edmonds.

No procedimento, os médicos selecionam um doador om uma mutação genética que levava a não expressão de um receptor chamado CCR5. Esse receptor é uma proteína que fica na superfície das células do sistema imunológico chamadas linfócitos T CD4, que são os principais alvos do HIV.

Ele atua como uma espécie de fechadura por onde o vírus entra na célula. Porém, com a mutação e a ausência do receptor, a célula se torna resistente à infecção, interrompendo a replicação do vírus no organismo e eventualmente o eliminando.

“É uma mutação muito rara. Existe em cerca de 1 por cento da população. Portanto, não é, não é algo que encontramos com muita frequência”, disse Jana Ditker, médica de Edmonds no City of Hope, à ABC. Esses tipos de transplantes podem ser mortais, pois há uma chance de o sistema imunológico do corpo rejeitar e começar a atacar as células implantadas. Felizmente, não foi o que aconteceu com Edmonds.

Depois de receber tratamentos de quimioterapia de intensidade reduzida que tornariam o transplante mais tolerável, ele recebeu um transplante de células-tronco do sangue no início de 2019. Dois anos depois, em meados de 2021, Edmonds foi declarado curado do HIV. “Ficamos emocionados em informá-lo de que seu HIV está em remissão e que ele não precisa mais tomar a terapia antirretroviral que vinha usando há mais de 30 anos. Ele viu muitos de seus amigos morrerem de AIDS nos primeiros dias da doença e enfrentou tanto estigma quando foi diagnosticado com HIV em 1988. Mas agora, ele pode comemorar esse marco médico”, disse Dickter.

Embora esse tratamento seja promissor e possa dar esperança a muitas pessoas que sofrem, suas aplicações são relativamente limitadas. Ainda assim, os especialistas estão esperançosos de que as descobertas feitas nos últimos meses permitirão melhores tratamentos para a formação do vírus.

com informações do jornal O Globo

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