Imagem; Istock/Reprodução

 

À volta as aulas não tem o colorido dos outros anos. Com o avanço da
Covid-19 e de outras doenças, as mudanças de comportamento e de
rotinas exigem atitudes bruscas para se adequar ao novo. E as crianças, os
jovens, padecem, conhecem o medo e o desamor. Há tendências de
animação sob o sol, pouco brilhante, envolvendo os dias de pandemia, na
escola? Sim. Existe a musicalização infantil, capaz de incentivar nas
unidades escolares a formação de bandinhas, corais, orquestras?

Shakespeare em Noite de Reis afirmou: “se a música é o alimento do
amor, toque”. E essa ligação vai muito além, alcançando o emocional.
A presença dos músicos na escola é uma presença quase celestial. Não
tem preço. Vamos reunir não só os professores, maestros, mas cantores e
instrumentistas da comunidade em projetos criativos, levando o alunado
para cantar, saudando o Pavilhão Nacional, conhecendo e interpretando a
poesia do Cancioneiro Popular e de nossos compositores.

O ser humano precisa da música estimulando a coordenação motora, o desenvolvimento
integral, a saúde, a comunicação o amor de Deus. Uma professora de
música do Colégio das Irmãs Dorotéias, madre Arruda ( para minhas
colegas relembrarem), apaixonada que era, repetia, sempre: “eu gostaria
de ensinar o mundo a cantar”.

Aqui a idéia caminha em harmonia, “eu gostaria de ver a escola do Ceará ensinando todos a cantar”. O governado e o prefeito de Fortaleza cresceram em um ambiente musical. Camilo Santana, criança, estudou flauta doce na escola de música do Crato. Jovem herdou a flauta transversa, de prata, do seu avô materno, José Amorim Sobreira. Continuou estudando e foi para o violão, sax e piano. José Sarto, cantor, descobriu o violão, e até hoje, é amigo inseparável. Os dois líderes tem inspiração e poderes para executar, com urgência, um melodioso projeto cultural retornando a disciplina de música (antes era
Canto Orfeônico) para a grade curricular da escola pública. A alegria
merece ocupar o cenário das unidades escolares, cenário orquestrado agora por partituras amargas de um ano que já começa com dificuldades para celebrar a festa da vida.

 

 Lêda Maria Feitosa Souto, escritora e jornalista do OPOVO

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