Recente pesquisa nacional revelou que a sensação de insegurança dos fortalezenses é maior que nos maiores centros populacionais do País, como São Paulo e Rio de Janeiro, embora Fortaleza seja a quinta capital em número de habitantes. E, no bojo dessa discussão, temos visto muitas matérias na TV e nos jornais, que exploram o tema, mas com perspectivas na maioria das vezes equivocadas.

Um exemplo é o relativo à ostentação de objetos de valor pelas ruas e avenidas da cidade. Nesse caso, andar a pé com relógios caros, cordões de ouro, aparelhos eletrônicos etc. Vemos, muitas vezes, a insistência dos repórteres em chamar a atenção das pessoas para o uso “incorreto” de cordões de ouro ao pescoço em lugares de passeio intenso, como a Beira Mar.

O destaque não é para a ineficiência ou inconstância da ação policial no local, ou para áreas carentes das proximidades, de onde vem os assaltantes, como realidades a serem trabalhadas pelo poder público, resolvendo o problema em uma de suas bases fundamentais. O cidadão fica refém da violência. E os conselhos anti “ostentação”, inclusive da Polícia, legitimam mais ainda a ação criminosa. Como se ouve, muitas vezes: Olha aí, deu bobeira! Há, mas esse não tem noção do perigo! Está chamando o ladrão! A jovem adolescente é obrigada a usar seu cordão de ouro apenas dentro de casa, no interior do carro. Andar com um relógio no braço, se não for de valor inexpressivo, é ostentação. A coisa decorre de tal modo e com tal frequência que já está naturalizada. Por fim, a vítima, além do trauma e prejuízo material, fica como a descuidada e sem noção.

Marcos José Diniz Silva – historiador e professor da Uece

*Artigo veiculado no Diário do Nordeste, em 03 de agosto de 2012. O texto é reproduzido neste site com autorização do autor.

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