Jesus, fazendo-se homem, quis e quer eternizar a criatura humana, restaurando-a e reconciliando-a consigo. Cabe aos seres humanos acolher sua obra redentora, seu Reino de justiça, paz e bondade sem limites, revelado na sua afável ternura e mistério de amor, revelação essa em que o homem é livre, à medida que ama a Deus, dispondo-se no serviço generoso do Reino e associado ao Senhor Jesus e com Ele colaborando na construção da fraternidade universal. A iniciativa divina na obra redentora é para que o homem se converta. Vemo-la claramente revelada no Livro Sagrado, quando nos deparamos com a história do povo de Deus, conduzido por um longo e penoso caminho, alimentado e animado pelo próprio Deus, da irrefutável promessa messiânica de salvação.
Cristo Jesus, na instauração do seu Reino, quando entra na vida se seu povo e revela seu infinito amor, na compaixão e no seu legado do serviço, pede que experimentemos sua graça, que nos faz pessoas humanas livres, deixando-nos de ser escravos e objetos. Deus, pelo mistério de sua graça, nos transforma em criaturas verdadeiramente livres, ao mostrar a necessidade de sua vida, que é vida em abundância: “Se somos filhos, somos também herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, pois sofremos com ele para também com ele sermos glorificados” (cf. Rm 8, 17).
Jesus entrou no mundo para testemunhar a verdade e a paz, que, dentro do plano divino, os cristãos, incorporados a Cristo pelo batismo, formam o povo de Deus e se tornam capazes, de verdade, de desempenhar bem o compromisso batismal, de com Ele instaurar o Reino, na garantia da presença de Deus no mundo, pela força insubstituível de sua graça, no dom de sua ação divina que penetra no coração dos seres humanos e do mundo, assegurado em Jesus de Nazaré: “Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28, 20).
À medida que as pessoas se esforçam para acolher Jesus, vítima pura e pacífica, na redenção da humanidade, pela linguagem da liturgia da Igreja, de um Reino eterno e universal, se pode prevalecer a expressão de São Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20). Além da graça da acolhida do Reino de Deus, Jesus nos oferece a graça da perseverança. As pessoas abertas a Deus são criaturas de Deus, conscientes da vontade de buscar sempre mais o absoluto, o Criador e Pai, na confiança de que só conseguem avançar e dar passos significativos na graça de Deus.
Deus entrou no mundo em razão dos descompassos da vida humana, indicando-nos que a liberdade verdadeira consiste no amadurecimento espiritual do homem, deixando nítida a acolhida do seu Reino: “Reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino da justiça, do amor e da paz”. Amém!
*Pároco de Santo Afonso e vice-presidente da Previdência Sacerdotal, integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza – geovanesaraiva@gmail.com