“Tempo é vida e deve ser gasto com aquilo que tem importância”, afirmava Sêneca, filósofo grego. E o que realmente tem importância? Para que estamos aqui na Terra?


Embora todos tenham condições de encontrar as respostas, os que conseguem são aqueles que têm um modelo para investigar e perscrutar, e são persistentes em desenvolver os poderes para conhecer os mistérios, sem a necessidade da veracidade de outrem.


O trabalho de encontrar o que realmente tem importância, além do conhecimento que é preciso ter sobre as ferramentas, pois o melhor mecânico sabe que o trabalho depende tanto do conhecimento do ofício como das ferramentas que emprega. E por esta razão, aprende a manuseá-las e tem cuidado com elas.


O corpo, a energia vital, as sensações e a mente são ferramentas que precisam ser de qualidade e estar em bom estado para realizar a missão de adquirir experiência de vida. Entenda vida não somente relacionada ao pequeno tempo da existência, mas como algo que cria a si mesma, e anima o que perpassa.


Para adquirir experiência, é preciso usar os instrumentos. Mas se a mente, as emoções, a energia e o corpo forem débeis e sem flexibilidade, haverá pouco crescimento e a vida será quase perdida em frivolidades. Isto é, o que acontece quando o homem coloca os instrumentos como “fim”, enquanto eles são “meios” para a evolução. O corpo e a mente devem estar a serviço da experiência de vida e não como senhores dela.


Perde-se tempo agradando e mimando os instrumentos e ganha-se tempo quando diante de uma adversidade indaga-se: “Como eu consigo atravessar este fato desagradável? Qual o significado maior dessa experiência? Em que me tornei mais forte ao passar por este desconforto?


Perde-se tempo quando o “êxito” de uma vida é medida pela conta bancária, pela posição social ou conforto. A pessoa cega pelo fugaz e ilusório fica esquecida de focar no que é permanente, como os valores humanos e as virtudes. Quando a vida abandonar o corpo, nada vale o ouro ou qualquer tesouro terrestre. Tudo o que a vida não leva quando sai do corpo, é impermanente e insignificante.


A vida na dimensão de eternidade quer acumular na memória cósmica o aperfeiçoamento de sua própria força para perpetuar-se. Assim, ao deixar o corpo, leva consigo a experiência de si mesma em contato com as coisas do mundo. Deixa no mundo tudo que é irrelevante.


Optar em ficar na zona de conforto é perder a oportunidade de dar a vida à experiência que leva à perfeição. A vida quer aprender com ela mesma, através dos seus instrumentos, a superar desafios, reconstruir, renovar e renascer.


As plantas e flores protegidas pela estufa não são resistentes, mas elas crescem sob a chuva e o sol, o vento e o frio, assim conseguirão sobreviver por mais tempo. Do ponto de vista do processo evolutivo, os prazeres e ambientes confortáveis são, de modo geral, circunstâncias desfavoráveis para acrescentar experiências à vida. O mimado cãozinho de luxo está sujeito a enfermidades que o cão sem casa e sem dono não conhece. A vida do segundo é muito dura, porém obtém experiências que o mantém alerta e cheio de recursos. Sua vida é rica de experiências e recolhe uma grande colheita, enquanto que o cão mimado perde seu tempo numa espantosa monotonia.


Com o ser humano acontece algo semelhante. Os quadros de depressão, tédio e suicídio são mais frequentes em famílias abastadas. O pobre só tem fome e frio. Será muito duro lutar com a pobreza e com a fome, porém, do ponto de vista de experiências de vida, é infinitamente preferível às facilidades do conforto e grande luxo. Porém quando a fortuna é um meio para pensar filantropicamente, para ajudar os demais homens e aperfeiçoar-se, pode constituir uma grande bênção para o seu possuidor. Concentrar no passageiro é perder tempo. Ganhar tempo é aproveitar todas as oportunidades para usar o corpo, a energia vital, as emoções e a mente para aprender com as crianças, com a natureza, com os tolos e até com a própria ignorância.


A importância real está naquilo que se perpetua, que sempre existiu e sempre existirá, enquanto o corpo, a vitalidade, as emoções e a mente são instrumentos passageiros dos quais a morte se apodera, mas os valores e as virtudes sempre serão lembrados e caminham de geração em geração porque é o que a vida considera realmente importante.

* Magui Guimarães é master em Coach & Neurolinguística – magui@maguiguimaraes.com.br

Artigo publicado no site http://maguiguimaraes.com.br e reproduzido aqui com autorização da autora

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here