É surpreendente como há opositores radicais a duas medida acenadas pelo poder público. A primeira diz respeito ao limite de velocidade na condução de veículos nas estradas. A outra trata do consumo de bebidas alcoólicas.

Muitos críticos e opositores dessas orientações bradam a pleno pulmões que “isto é uma afronta aos direitos do cidadão.” Direito de conduzir em alta velocidade, pondo em perigo a vida de terceiros e a própria, é conquista do cidadão?

Beber até chegar à última etapa do virar copos ou seja, primeiro ser o macaco do grupo; gaiato, brincalhão, contador de piadas, imitador de amigos e parentes? Depois virar o leão da floresta, desafiando a tudo e a todos, esbravejando força e ousadia, insultando os presentes, provocando a mesa vizinha, “desenterrando” mágoas e ressentimentos, agredindo amigos e até familiares – da esposa aos filhos, dos pais aos irmãos? Finalmente ser o imundo porco, conspurcando-se na sarjeta, caindo nas calçadas e dormindo no primeiro batente em que topar?
Beber até cair no chão é direito do cidadão e por quê não?

Decretar que só posso dirigir até tantos quilômetros… não é usurpar um direito meu, cidadão honesto, que pago meus tributos em dia e respeito a vida dos outros? A vida não me foi dada?

As estatísticas demonstram que dirigir em velocidade superior ao estipulado nas placas espalhadas ao longo de ruas e estradas é pôr em risco a própria vida e a de terceiros, é transformar seu bem em “arma”, acionada contra si e o outro.

A lei, digo sempre, existe para proteger e, também, para punir as pessoas. Protege a todos que ficam sob seu pálio e pune os que dele se afastam.
A Lei é mãe generosa – para os que a seguem, também é algoz pesado para os que a infringem .

Fortaleza deixou de ter uma lei justa sobre consumo de bebida alcoólica, pela atuação daqueles que preferiram o aplauso fácil dos que, em nome do lucro, esvaziam as prateleiras e os engradados dos armazéns. Perderam a oportunidade de ganhar o respeito de uma sociedade obrigada a viver sob o peso do temor e da insegurança, sob a espada de uma tragédia acionada por mentes mergulhadas no álcool.

Só o Tempo trará os fatos para a luz do Julgamento.

* Artigo publicado no Jornal O Estado em 12.12.08 e reproduzido neste site com autorização do autor.

Adísia Sá
– Jornalista. Integrante da Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará
adisia@opovo.com.br

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