rossandro-klinjey
Foto: Reprodução / Facebook
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Eu sei que existem opiniões que divergem sobre vários temas, e aprendi a respeitar o contraditório, mas também a não deixar de oferecer, humildemente, minha contribuição ao debate.

Existe um movimento no Brasil para desregulamentar o estatuto do desarmamento. Sei que você deve estar cansado da violência urbana no Brasil. Eu mesmo já fui assaltado, chutado, com arma colocada na minha cabeça em meio a gritos humilhantes e sensação de morte eminente. Acredite, você sair desnorteado de uma experiência assim, mas em nenhum momento achei que uma arma, naquela situação, resolveria.

Então o poder público decreta total incompetência na gestão da segurança pública e opta por nos permitir ter armas, a pergunta que faço é: Será que vamos resolver a violência, Armando a população? Você já se perguntou quem realmente ganha com isso? A mesma indústria que vende armas para os criminosos. Agora eles poderão GANHAR DINHEIRO SUJO dos dois lados, enquanto nos armamos e nos matamos, com a falsa promessa de combater a violência.

Acreditar que liberar armas nos trará paz e diminuição da violência é como acreditar que jogar gasolina no fogo pode apagar as chamas.

As armas são raramente usadas em defesa própria, mesmo nos Estados Unidos. Lá, menos de 1% das pessoas usam armas para se defender, porque pessoas comuns não têm duas coisas que criminosos têm de sobra: experiência diária com o uso de armas, e frieza para matar.

Além disso, as estatísticas são fartas ao demonstrarem que, o aumento no número de armas provoca um aumento no índice de suicídio. E isso é claro de entender. A maioria das pessoas que tentam se matar, muitas vezes optam por formas que podem ser interrompidas, mas quando alguém dá um tiro em si mesmo, não há muito que ser feito.
E se você acredita que quem quer se matar não apenas tenta, engana-se. A maior parte dos suicidas tentou várias vezes antes de conseguir.

A presença de uma arma torna mais provável o conflito, e sabe por quê? Em segundos pensamos que, por termos uma arma, não precisamos temer, e não há tempo para o sensor moral e crítico agir em nosso cérebro, quando nos damos conta, o tiro já foi disparado.

E com isso aumenta a violência contra as mulheres, as mortes em brigas nas festas, além do número gigantesco de crianças que morrem por acidentes com armas. Pois, por mais que você guarde uma arma, um dia você dá um vacilo e a criança pega. São muitas histórias de tragédias em que o principal personagem é uma arma.

É improvável que com os civis armados reduzam-se os crimes, na maioria das vezes as pesquisas mostram que quando usamos armas contra criminosos somos mais propensos a aumentar gritantemente as situações perigosas, incluindo tiroteios em massa e mais mortes.

A universidade de Harvard fez uma ampla pesquisa nos EUA (veja o link https://www.hsph.harvard.edu/hicrc/firearms-research/gun-threats-and-self-defense-gun-use-2/ e concluiu muitas coisas, quero destacar só algumas delas: Primeiro, as armas raramente são usadas em legítima defesa. Segundo, no lar são mais usadas em violência doméstica do que no combate ao crime. Terceiro, são usadas mais para intimidar do que para se defender e, finalmente, o criminoso raramente é ferido por cidadão de bem.
Como dizia Mahatma Gandhi, “De olho por olho e dente por dente, o mundo acabará cego e desdentado”.

A incompetência dos gestores públicos com a nossa segurança criou um caos, e agora, para fugirem da responsabilidade de construir uma sociedade justa e segura, eles querem nos armar.

Não se traz paz armando os homens de bem, e sim desarmando criminosos e impedindo que, pelo abandono social e político, novas crianças e jovens engrossem as fileiras do crime.

Eu respeito quem pensa diferente de mim, mas eu digo sim a vida e não as armas.

*Rossandro Klinjey é psicólogo, escritor e palestrante

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