Neste mês, o Movimento Proparque celebra 19 anos de mobilização. Uma articulação legítima da sociedade civil em prol da valorização do Parque Ecológico Rio Branco, localizado no bairro Joaquim Távora. Em entrevista exclusiva para a Agência da Boa Notícia, Ademir Costa, da coordenação do Movimento, relata os desafios e conquistas do trabalho que reconhece a importância da área para a cidade. “Se a perdêssemos, seria mais sufoco na cidade, no contexto das mudanças climáticas. A área recebe e absorve águas das chuvas — tudo impermeabilizado a seu redor. É fator de naturalização da cidade, regula o microclima, ajuda a produzir chuva, gera oxigênio, em contraposição aos veículos que emitem CO2, torna a cidade melhor, do ponto de vista urbanístico, por preservar animais, plantas, insetos”, destacou Costa.  

ENTREVISTA
(Agência da Boa Notícia) Como vocês definem o Movimento Proparque?

(Ademir Costa)
Somos um movimento social do campo do meio ambiente. Do ponto de vista formal, há muito é uma ong registrada em cartório. Só que não formalizamos o CNPJ, posto que decidimos atuar sem convênios e coisas do gênero.

(ABN) Como teve início o Movimento? O que despertou vocês para a criação do Movimento?

(A.C)
Foi a colocação de entulho de construção civil no parque, por construtoras. A agressão ainda pode ser documentada. O entulho permaneceu, apesar de nossa luta e do protesto.

(ABN) Quais os principais objetivos do Movimento?

(A.C)
O principal objetivo é a preservação do parque como bem público, para uso público [Zona de Preservação Ambiental, no Plano Diretor de Fortaleza, Lei Complementar 062/2009, e Área Verde Pública, conforme a Resolução Conama 369/2006].

 
(ABN) Qual a importância – do ponto de vista ambiental, cultural e de vivência comunitária – do Parque Ecológico Rio Branco para a área onde se situa? E para a cidade de Fortaleza?

(A.C)
O Parque Ecológico Rio Branco é a única área verde pública, entre o Lagamar e o Oceano e as avenidas Aguanambi e Desembargador Moreira. Se a perdêssemos, seria mais sufoco na cidade, no contexto das mudanças climáticas. A área recebe e absorve águas das chuvas — tudo impermeabilizado a seu redor. É local de contemplação da natureza, convivência, prática de esportes individuais e coletivos. É fator de naturalização da cidade, regula o microclima, ajuda a produzir chuva, gera oxigênio, em contraposição aos veículos que emitem CO2, torna a cidade melhor, do ponto de vista urbanístico, por preservar animais, plantas, insetos; é local de cultivo da saúde física e psíquica das pessoas.  

 
(ABN) Quem integra hoje o Movimento? E quais são os principais projetos do Movimento?

(A.C
) Somos moradores dos bairros Joaquim Távora (mais conhecido como Piedade) e Tauape, pais de família, aposentados, donas de casa. Somos também estudantes, cidadãos ativos que querem viver em uma cidade melhor, porque é aquela a que temos direito. Desenvolvemos os seguintes projetos: Vejo Flores em Você [incentivo à adoção de plantas do parque pela população], Livro em Movimento [empréstimo de livros], Passeios Ecológicos Proparque [viagens], Oficina do Saber [estudos], mas já fizemos outros como o Luau Literário e Sexta com Arte, este para exposição de artesanato. Tudo o que fazemos é com o objetivo de o parque ser usado e amado pelas pessoas.


(ABN) Como o Movimento se mantém? Que tipo de apoio vocês recebem?
(A.C) Trabalhamos para podermos trabalhar. Explico: fazemos os Passeios Ecológicos Proparque, tendo como destinos praias, sertão e serras. São dias de diversão, de repouso junto à natureza e de aumentar nosso conhecimento sobre nossos ecossistemas. Assim, nossa expectativa é que aumente o amor à nossa terra. Desses passeios ficam pequenas quantias que usamos para comprar faixa, imprimir nossas comunicações, alugar som, realizar eventos. Nada recebemos da iniciativa privada ou do poder público. Já estabelecemos parcerias, mas sem remuneração. Nosso trabalho é voluntário.

(ABN) Que desafios vocês vêm enfrentando nesses 19 anos? Quais foram vencidos e o que ainda falta conquistar?
(A.C) Falta o parque ser bem cuidado pela prefeitura e pela população. As plantas ainda morrem de sede, marginais ainda quebram plantas e tocam fogo, infelizmente, porque a prefeitura não garante segurança 24 horas. Já conseguimos alguns benefícios: mais extensa trilha de caminhada (foi duplicada), bancos, brinquedos para crianças, equipamentos de musculação, campinho de futebol, iluminação melhor, projeto da prefeitura para atender crianças e adolescentes [Com os sucessivos nomes: Semear Adolescente, depois Crescer com Arte e, agora, Cidadania em Rede]. Queríamos que fosse de assistência a crianças e adolescentes do bairro, mas a prefeitura toca de seu jeito. Não interferimos. Conseguimos também o anfiteatro, quadra de vôlei e futebol de praia, piso intertravado, mais duas entradas foram abertas, retiraram 50 famílias que moravam em uma espécie de favela dentro do parque e hoje têm suas moradias próprias. A prefeitura expediu decreto oficializando o parque como área verde. Antes o parque não existia oficialmente. Falta o plano de manejo, para consolidar esta conquista.

(ABN) E como será a programação festiva dos 19 anos do Movimento?
(A.C) Fizemos uma Manhã Verde dia 9/11/14, com a Festa do Saci, muito participadas, quando houve uma roda de conversa sobre o Movimento. Dia 27, vamos ter uma Confraternização, de 18h às 20h, com missa seguida de números artísticos, quando esperamos receber pessoas do bairro e de outros movimentos ambientais da cidade, apoiadores e amigos. O próximo passo será o Domingo no Parque, 7 de dezembro, piquenique com chorinho. Ainda vamos programar detalhes desse piquenique.


*Crédito foto: Movimento Proparque

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