Quando lutamos por acessibilidade, na nossa Comissão de Defesa dos Portadores de Deficiência, na OAB, o que deve vir à mente das pessoas é que fazemos isso com o desejo de que seja resgatada a dignidade da pessoa humana, e isso de fato acontece, quando essas pessoas são inseridas na vida produtiva. Não se pode admitir que cerca de 14,5% da população brasileira, permaneça confinada em suas casas, sem chances de aspirar melhores condições de vida e contribuírem no desenvolvimento de uma nação próspera.Hoje o país conta, segundo o Censo de 2000, com 24,5 milhões de pessoas portadores de deficiência em sua população e em Fortaleza, sequer há uma estatística confiável para propiciar a geração de políticas públicas realmente eficientes.
Essa população, que como dissemos, está em sua maioria, presa aos seus lares, sem vislumbrar saída para os seus sonhos e para suas realizações, também constitui uma fatia de brasileiros que não se inserem na vida econômica nacional, que não produz, que não gera riqueza, e, no entanto, consome, gasta recursos do SUS, da Previdência, exige atendimento social e não gera sua parte correspondente.
Um programa de acessibilidade competente e eficaz muda completamente esse quadro. Ele tem a capacidade de inserir no meio econômico, na vida econômica brasileira, quadros, inteligências que estão fora do circuito do saber e do fazer. Temos inteligências, por vezes brilhantes, confinadas nesses deficientes que não encontram em nossa sociedade um sol que nasça para todos. Temos inteligências medianas, temos todo tipo de habilidades que não estão sendo utilizadas.
Não se pode discriminar, antes de conhecer o potencial que está escondido atrás dos sorrisos solitários dessas pessoas. A inclusão social deve acontecer já, com ações reais que não devem ser adiadas. Permitir que esses anônimos, sua mão de obra e inteligência se percam é no mínimo ignorância acerca do bem comum, tão enxovalhado em nossa medíocre sociedade competitiva.
* Artigo publicado em 26.01.09 no jornal O Povo e reproduzido neste site com autorização do autor.
Edson Santana
– Presidente da Comissão de Defesa dos Deficientes Físicos da OAB-CE
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