Um dos diretores político do  Partido Portugal Pró-Vida (PPV) e piloto de avião, Carlos Fernandes equilibra as atividades profissionais com o desejo de  ampliar o canal de comunicação entre os movimentos pro-vida internacionais. Segundo ele, a luta em defesa da vida e dignidade humana é mundial. “Com as viagens, aproveito para contatar pessoas em todos os lugares que passo. Tento criar ligações”, afirma o ativista que é comandante da companhia aérea  TAP. 


 


Em passagem por Fortaleza, Fernandes visitou, na última terça-feira, 13, a sede do Movimento em Favor da Vida e Não Violência (Movida) e a Agência da Boa Notícia (ABN). Na ocasião, ele concedeu entrevista exclusiva ao site da ABN. Durante o bate-papo, Fernandes falou sobre a universalização dos movimentos que defendem a vida humana, os projetos para reverter a Lei que libera o aborto em Portugal e o trabalho para colocar representantes do PPV no parlamento europeu  nas eleições que acontecem em 25 de maio. 


 


(Agência da Boa Notícia) O que motivou sua visita a Fortaleza? 


(Carlos Fernandes) Vim a Fortaleza a trabalho. Sou comandante da TAP e uma vez por mês venho a cidade. Com as viagens, aproveito para contatar pessoas em todos os lugares que passo. Tento criar ligações com pessoas que estão na luta pro-vida, que é uma luta mundial. Meu objetivo é coordenar esse movimento com grupos de todo o mundo. 


 


(ABN) Você é um dos diretores do Portugal Pró-Vida , um partido político português. As eleições europeias acontecem no final de maio. Quais são as expectativas do PPV? 


(C.F) O partido é novo, tem aproximadamente cinco anos. Ainda não tem representante no parlamento. E estamos buscando isso. Queremos eleger pelo menos três deputados nas eleições que acontecem em 25 de maio. A ideia é influenciar decisões políticas em favor da família, da vida. O PPV busca o bem comum da sociedade. Queremos trazer a discussão do aborto para a agenda política. Defendemos a vida, não apenas no momento do nascimento, mas na defesa ao longo da vida, na educação, segurança, saúde. Defendemos a dignidade na velhice. 


 


(ABN) Você é integrante de um movimento que defende a vida desde a concepção. No entanto, o aborto é liberado em Portugal desde 2007.  Em sua análise, o que levou o país a votar pela legalização do aborto? 


(C.F) Houve dois referendos. No primeiro, em 1998, o “não” a liberalização do aborto ganhou. Já no segundo, em 2007, o “não” perdeu. Acredito que a Lei 162007 passou, principalmente, pelo alto índice de abstenção no referendo – mais de 50% dos eleitores não votaram – e também pela forma como a pergunta foi construída, que era “você concorda com a descriminalização da mulher na interrupção voluntária da gravidez até 10ª semana”? Faltou orientação entre os eleitores. Para começar, não existe interrupção voluntária de gravidez. Isso dá a entender que é possível interromper e depois retomar. O Brasil deve ter cuidado com esse argumento. O que de fato acontece é uma finalização da gravidez. 


 


(ABN) Em sua opinião, quais são os outros pontos da Lei 162007 que são controversos? 


(C.F) A Lei traz a liberalização do aborto sem autorização do pai. Esse aborto é livre e gratuito. Essa lei não dá proteção a maternidade. Veja, uma mulher que aborta pode tirar uma licença de 30 dias e tem direito a 100% do salário. Já uma mulher que dá a luz não tem direito a 100% de seu salário, mas apenas 60%. Isso é uma política contra a natalidade. 


 


(ABN) Por falar em natalidade, Portugal é um país com baixos índices. Você tem mencionado  que isso afeta a economia e o desenvolvimento da sociedade. Como a baixa natalidade reflete no progresso do país? 


(C.F) Portugal é o segundo país da União Europeia com taxa de natalidade mais baixa, só sendo superado pela Alemanha. A taxa de natalidade em Portugal foi, em 2012, de 8,5 por mil habitantes, enquanto a Alemanha registou 8,4 mil habitantes, de acordo com dados divulgados pelo Eurostat, o centro de estatísticas da União Europeia. Portugal é, ainda, o 6º país mais envelhecido do mundo. Não nasce gente em Portugal. O nosso país enfrenta uma séria crise econômica. E isso também é reflexo do problema de natalidade. Alguns estudos científicos provam que no período de baixa natalidade não tem progresso econômico e social. Uma sociedade vazia não tem crescimento. 


 


(ABN) Para finalizar, o PPV e os movimentos pro-vida portugueses acreditam que há possibilidade de reverter a legalização do aborto em Portugal? 


(C.F) Acreditamos que podemos sim reverter a lei de liberalização do aborto. O PPV apoia o movimento cívico que pretende fazer um novo referendo sobre o aborto. Também há a possibilidade de uma iniciativa legislativa do cidadão que leva ao parlamento um projeto que deseja converter em Lei. Estamos organizados, já conseguimos importantes adesões à luta.

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