O Carnaval de rua de 2016, que está voltado para a temática das comemoração dos 290 anos da cidade, entra também para a história momina por três outros relevantes fatos inéditos. O primeiro será a presença de l5 maracatus na festa-espetáculo da Avenida Domingos Olímpio. O segundo é a abertura do desfile ocorrer já no chamado Sábado Gordo, o que proporciona ao folião não apenas três mas quatro dias de folia e brincadeira. E mais, recentemente, o Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Histórico e Cultural de Fortaleza concedeu o registro do maracatu como Patrimônio Imaterial de Fortaleza, pedido oficial feito por Rodrigo Damasceno Rodrigues dirigente do Maracatu Rei do Congo.
Está comprovado que Fortaleza é dos maracatus, tanto assim que, devido ao surgimento de novos grupos daquele gênero afro-brasileiro, a Associação Cultural das Entidades Carnavalescas do Estado do Ceará e a Secultfor resolverem distribui-los em dois dias. Assim, no Sábado, a partir das 18 horas, desfilarão, pela ordem, os Maracatus: Solar, Rei Zumbi, Kizomba, Nação Palmares, Nação Axé de Oxossi, Rei do Congo e, às 22 horas o Maracatu Filhos de Iemanjá. No Domingo, começando às 18 horas, será a vez dos Maracatus: Pitoba (estreante de Potiretama), Nação Baoba, Nação Pici, Nação Fortaleza, Vozes da África, Az de Ouro, Rei de Paus, concluindo às 22h40min com o Maracatu Nação Iracema.
Estas inovações engrandecem o Carnaval de Rua, e a festa só não fica maior por conta de precariedade no quesito divulgação, a qual se imita quase que ao boca a boca. Falta a necessária massificação publicitária na mídia em torno específico do magno evento da Domingo Olímpio.
Desde os carnavais d´outrora os Maracatus são a principal atração do popularmente chamado “corso”, exercendo especial magnetismo no público. Com sua dolente sonoridade característica, peculiar coreografia, rosto pintados com maquiagem da cor preta, luxuosas indumentárias e criativas alegorias os maracatus são a marca momina do Ceará e legítimos representantes de nossa cultura tradicional popular carnavalesca.
O que aí está, o tradicional, o autêntico, não tem igual neste Brasil de Mãe Preta e Pai João. Portanto, devemos exultar por termos algo diferente e mostra-lo como atração turística, inclusive em Cartão Postal, que inexplicavelmente ainda não há nas bancas de revistas nem na área hoteleira. Faço couro com o que diz o cantor, compositor e carnavalesco Dilson Pinheiro: “Não tem coisa que encante mais ao turista e ao fortalezense do que o maracatu”
O Carnaval de Rua de Fortaleza, no passado , testemunhou a passagem de inolvidáveis grupos que fizeram história e aos poucos, um a um foram desaparecendo na poeira de confetes, no colorido laço de serpentinas e no envolvente olor oriundo de dourados lança-perfumes.
A predominância de homens, fantasiados de baiana, princesas e rainha, é tradição que remota ao tempo em que maracatu era feito exclusivamente por robustos jovens, inclusive estivadores do Cais do Porto. E vinham o Maracatus: Az de Espada, Rei de Espada, o As de Paus, o Leão Coroado, o Estrela Brilhante, o Rancho Alegre, o Rancho de Iracema, o Nação Uirapuru, o Nação Verdes Mares, o Rei dos Palmares, o Nação Africana. Na Fortaleza do Maracatus, portanto, vamos maracatuzar!
Paulo Tadeu é jornalista