Formação de Profissionais de Comunicação / Adísia Sá

O Ceará, através da “Agência da  Boa Notícia” provoca e estimula  articulistas a se pronunciar sobre o que deveria ser “uma verdadeira formação humanística do profissional de comunicação.” E vem em boa e oportuna hora essa iniciativa da Agência. E por uma razão muito simples: o País discute o tema em todos os seus quadrantes, não apenas nas faculdades e escolas de comunicação, como nos encontros promovidos pelo Ministério da Educação e entidades classistas. Não ficam fora desse momento administradores e proprietários de jornais.

O MEC está realizando simpósios e audiências públicas sobre “diretrizes curriculares dos cursos de Jornalismo,” em capitais brasileiras e entidades classistas.
A FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas), mantém grupos elaborando sugestões para o Ministério.

Para aprofundar  o assunto, a Associação Brasileira de Pesquisa em Jornalismo também criou um grupo de trabalhos, sem se falar em simpósios acontecidos em São Paulo , Belo Horizonte.

“Para comemorar os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, faculdades e entidades classistas, em São Paulo, organizam o evento “Cidadania e formação do jornalista,” com o objetivo de fornecer  subsídios à organização curricular das escolas  e ao debate sobre a necessidade do diploma para essa área profissional.”(Paulo Roberto Botão)

Está posta a questão objeto da provocação da “Agência.”
E, com ênfase, o ponto  levantado pela FNPJ – “A necessidade do diploma para essa área  profissional.” Aqui o fulcro da questão: obrigatoriedade do diploma para o exercício profissional de jornalista.

Assim aberta, não a polêmica, mas a luta entre os grupos que combatem e os que defendem a manutenção da exigência do diploma  com seus argumentos – posta está  nas mesas dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.  
O que vamos lecionar? Eis uma pergunta importante sim, mas sem se saber se  vamos lecionar ,  vã  é  a questão.  Com isto não estou insinuando que suspendamos as discussões em torno do desejável currículo, não, mas apontando que vivemos  concomitantemente  a  luta pela  manutenção da exigência do diploma para o exercício profissional.
    
Considero de suma importância   comentários e encontros  para discussão de propostas curriculares ,  porque demonstram a convicção que temos na permanência da essência do  DL 973/68, em termos da formação específica do jornalista (lato senso).
Sobre o tema, o jornalista Caio Túlio Costa foi feliz quando declarou que  é “fundamental que o ensino de jornalismo acompanhe essas transformações (da sociedade… da  atividade), o que não significa privilegiar apenas a formação multimídia, mas uma sólida formação humanística e ética.”
    
Acredito na rica gama de abordagem do tema  por outros articulistas,  e enfatizo: discussões sobre  diretrizes curriculares voltadas para a cidadania e a ética profissional sim, mas jamais divorciadas da luta maior: a exigência do diploma.
Sem isso, vã é a nossa luta…

Adísia Sá
– Jornalista. Integrante da Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará
adisia@opovo.com.br

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