Uma expressão de profunda dor, mas enxuta de lágrimas, invadiu o rosto da pobre mãe, ao deparar o filho morto, na paradoxal Rua da Paz. O crack e ação de traficantes malvados tiraram a vida ao jovem em pleno alvorecer dos 15 anos. Muitas ruas da paz se multiplicam por estes brasis afora, sem solução para os graves problemas da droga, esta erva daninha plantada bem no coração de parte da juventude brasileira. Lancemos neste dia um olhar sobre este contingente populacional – pelos mortos e pelos mortos-vivos, habitantes das Cracolândias da vida. O governo não pode eximir-se de suas responsabilidades, tanto na prevenção quanto no combate eficaz ao tráfico, propiciando assistência aos vencidos pelo terrível vício.

Um professor de gerações desabafava toda a sua tristeza ao afirmar: “O crack está acabando com a juventude do Brasil”. E acrescentava: “Os pais perderam de há muito o poder sobre os filhos, assim como a escola sobre os alunos, enquanto a religião é posta em cheque e a ideia de Deus arrefece nos corações, vencidos pelos avanços científicos e tecnológicos e pela ânsia do ter, ou pelo abandono ou desesperança de si mesmo.

Pouco importa que para os pais os filhos nunca envelheçam e continuem a ser as eternas crianças de sempre a depender dos conselhos e orientação paternas. Mas os tempos são outros, e situações e fatores antes insuspeitados abrem extenso leque de opções para os desajustes de toda ordem, quase sempre fatais”.

Falou a voz da experiência de um professor contristado. Fechem-se as aspas e fiquemos a meditar sobre as palavras desse mestre, em meio ao barulho e à confusão dos espíritos, pouco afeitos à meditação e ao silencio, sobre qual futuro nos espera.

É preciso relembrar as palavras de Steve Jobs sobre a morte, mas não a morte de jovens, mas como ferramenta para substituir o velho pelo novo. O novo desejável, o novo promotor de mudanças. De mudanças e transformações positivas.

E não a morte pela morte, em pleno romper da existência, como agora se observa.

Eduardo Fontes – jornalista – eduardohumbertofontes@gmail.com

* Artigo publicado, originalmente, no jornal Diário do Nordeste em 24.10.2011 e reproduzido neste site com autorização do autor.

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