Filho de uma rica família de Fortaleza, Jorge Damasceno, 54 anos, foi um megaempresário. Fazia parte do grupo Irmãos Damasceno, que incluía uma cadeia de lojas de eletromésticos – “Lojas Damasceno, a loja do preço pequeno” –, fábricas de sapato com escritório de venda na Europa e Estados Unidos, indústria e lojas de roupas, além de empreendimentos na área da hotelaria. Por causa das drogas, Jorge se afastou da família, perdeu casa, apartamento, carros, empresas e, por dois anos, viveu na rua.  Graças à dedicação de uma de suas irmãs, ficou livre da doença e, hoje, é palestrante sobre dependência química, pela Guarda Municipal de Maracanaú. Ele estará no Seminário “Legalização da Maconha: a porta de entrada para outras drogas”, que ocorrerá nesta quinta-feira (29), das 8h30h às 13h, no auditório da Federação das Indústrias do Estado do Ceará-FIEC (Av. Barão de Studart, 1980 – Aldeota), em Fortaleza.

 

 Para a Agência da Boa Notícia, Jorge contou um pouco de sua trajetória até se livrar das drogas lícitas e ilícitas. “Eu comecei pelo álcool, que me levou à maconha e a maconha me levou a outras drogas”, diz. A primeira vez que bebeu tinha 13 anos. “Bebia de tudo: uísque, vodka, champanhe e, no fim, cachaça”. Para afastá-lo de Fortaleza, a família o enviou para estudar em São Paulo, onde aos 16 anos acabou provando maconha, “pela mão de um amigo”. A partir daí, conheceu outras drogas ilícitas – LSD, cocaína, anfetaminas, crack e ecstasy. “Muitas vezes, a droga não chega a primeira vez para uma pessoa pelo traficante e sim pela mão do melhor amigo”, alerta.


Jorge passou a ser usuário frequente de álcool, maconha e cocaína. No início, ainda mantinha a capacidade de trabalhar e se relacionar com a família e a sociedade. “Cheguei a montar lojas, ter casa, carros, apartamento de luxo”, relembra. Por 35 anos usou álcool. Por 30 anos, drogas ilícitas. O vício foi degradando sua vida e Jorge revela que aos poucos foi perdendo tudo até virar um morador de rua. “Pedia esmola, morava num terreno baldio e cheguei a ser preso umas cinco vezes. Eu não roubava, mas era preso por vadiagem e solto no dia seguinte”, relembra.


FAMÍLIA


Diz que seu retorno à vida social se deu porque uma de suas irmãs, Margarete, não desistiu dele. Ela o levou para o Instituto Volta Vida, coordenado pelo psicólogo, especialista em dependência química, Osmar Diógenes Parente. No Instituto, localizado na Rua Raquel Florêncio, 401, Lagoa Redonda, em Fortaleza, Jorge Damasceno ficou por dois anos e dois meses. Recuperado, começou a trabalhar como conselheiro. “É muito importante que a família não desista de ajudar o dependente químico. Ele é vítima de uma doença”, ressalta Jorge.


Hoje, além de palestrante da Guarda Municipal de Maracanaú, Jorge Damasceno é voluntário, em projetos como o “Muda Mulher”, que tem um setor voltado para dependentes químicas, e de campanhas como a intitulada “Amor à vida”, desenvolvida pelo jornal O Estado. Jorge também é parceiro da Comissão de Políticas sobre Drogas da Ordem dos Advogados do Brasil, secção Ceará (OAB-CE). Para ele, um seminário como o que será realizado na FIEC é muito importante pelas informações que disseminará para o público.


Mais informações: Jorge Damasceno, palestrante sobre dependência química, da Guarda Municipal de Maracanaú – (fone: 85 8675 0699).

 

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