Beatificada em 2011 e chamada, ainda em vida, de “Anjo Bom da Bahia”, Irmã Dulce tornou-se conhecida pelo ativismo social e sua luta em favor dos pobres. Para retratar a vida e obra da religiosa brasileira, o diretor Vicente Amorim (“2000 Nordestes” e “Caminho das Nuvens”) prepara o longa “Irmã Dulce”, com produção da Migdal Filmes e distribuído pela Downtown Filmes/Paris Filmes e coproduzido por Globo Filmes e Telecine. Coube as atrizes Bianca Comparato e Regina Braga o papel de protagonistas, interpretando a religiosa na juventude e a partir dos 45 anos, respectivamente.
Bianca Comparato será a jovem Dulce, em um período em que seu ativismo social já estava latente e a luta pelos pobres ganhava força, apesar do preconceito da sociedade da época. Já Regina interpreta a religiosa numa fase mais madura, porém, mais delicada, quando suas ações sociais são reconhecidas pela população, mas sua atuação enfrenta resistência dentro da igreja.
O longa conta a história de uma mulher cujo único objetivo era confortar os necessitados, cuidar dos doentes e amparar os miseráveis. Capaz de atravessar Salvador de madrugada para dar colo a um menino de rua ou de pedir verba a um político em pleno palanque, Irmã Dulce enfrentou inimigos externos – o preconceito, o machismo, os dogmas – e um interno: uma doença respiratória incurável. Passou por eles com obstinação e fé e construiu uma obra que, até hoje, só cresce, como cresce a devoção por ela.
De acordo com Vicente Amorim, o projeto, baseado em fatos reais como vários de seus filmes, tem características próprias que fazem dele um desafio: “A força de um filme sobre Irmã Dulce hoje é evidente. Os novos rumos que a Igreja Católica toma com o Papa Francisco, discutindo contradições do capitalismo e pregando a necessidade do clero estar nas ruas, demonstram a atualidade do ativismo de Dulce tanto do ponto de vista religioso quanto humanista. Isto é claro para todos, católicos ou não”, acredita Amorim.
O filme está sendo rodado na cidade de Salvador. As gravações encerram no dia 26 de maio. A película promete reproduzir momentos marcantes, como a visita dela ao Terreiro de Mãe Menininha do Gantois e a visita do Papa João Paulo II, em 1991 quando Irmã Dulce foi ovacionada pela multidão. O lançamento está previsto para o último trimestre deste ano, quando Irmã Dulce completaria 100 anos.
Saiba mais
Irmã Dulce foi beatificada em 2011 e segue o processo de canonização que pode torná-la a primeira santa brasileira. Mas, na terra de Todos os Santos, ela cruzou as fronteiras religiosas, sendo respeitada e venerada por toda a população. Suas ações e capacidade de mobilização impactaram gerações, a despeito de credos ou mesmo da falta deles. Em 1988 foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho incansável às populações carentes.
Tendo como ferramentas a determinação e o amor, Irmã Dulce construiu uma obra social sem igual no Brasil, com creches, hospitais e centros educacionais. Conhecida como “Anjo Bom da Bahia”, ela impressiona por sua capacidade de conviver com todos os credos e todas as classes sociais, dos poderosos aos marginalizados. Seu perfil é o de uma mulher quase subversiva na sua ação, capaz de quebrar paradigmas pelo seu amor ao outro. Irmã Dulce lutou contra todo tipo de preconceito e sua doença respiratória incurável para, como ela mesmo dizia, fazer o que deveria ser direito básico de qualquer cidadão.
Ficha técnica
Elenco: Bianca Comparato/Regina Braga – Irmã Dulce
Gracindo Jr. – Dr. Augusto (pai de Irmã Dulce)
Malu Valle – Madre Fausta
Zezé Motta – Mãe Menininha
Alice Assef – Dulcinha (irmã de Irmã Dulce)
Fabio Lago – Neco
Direção: Vicente Amorim
Produtora: Iafa Britz
Produtora Executiva: Camila Medina
Diretor de Fotografia: Gustavo Hadba
Direção de Arte: Daniel Flaxman
Roteiro: L.G. Bayão e Anna Muylaert
Com informações da Migdal Filmes e Agência Febre
*Crédito da Foto: Agência Febre