Um dispositivo eletrônico que traduz os movimentos da cabeça e expressões faciais em comunicação escrita e sonora por meio da inteligência artificial está entre os finalistas da Copa do Mundo das Startups (SWC, na sigla em inglês), que acontece nesta quarta-feira, 29,em São Francisco, na Califórnia. o Projeto foi desenvolvido pela brasileira Colibri Interfaces e Tecnologia, vencedora da etapa nacional. A empresa agora concorre entre as 60 melhores startups do mundo ao grande prêmio de um milhão de dólares em investimentos.

O aparelho foi concebido pela startup mineira para auxiliar pessoas com Esclerose Lateral Amiotrófica, sequelas de AVC, paralisia cerebral, Atrofia Muscular Espinhal, lesão medular, além de acometimentos como o Autismo não verbal e outras situações que comprometam a oralização, como traqueostomias. Segundo produto do portfólio da startup mineira Colibri, o Conversia tem tudo para impressionar os jurados, avaliaAdriano Assis, CEO da Colibri.

“Imagine uma pessoa que perdeu a voz e os movimentos do pescoço para baixo voltando a se comunicar por meio de quaisquer movimentos residuais, não apenas da cabeça, mas também de qualquer parte do rosto. O Conversia transforma gestos como abrir e fechar boca, sorrir, fazer beijo, piscar olhos, dentre vários outros, em frases completadas rapidamente via inteligência artificial avançada e vocalizadas pelo equipamento com uma voz sintetizada que pode até mesmo imitar o timbre que a pessoa possuía. Imagine o impacto dessa tecnologia brasileira para as milhões de pessoas no mundo que hoje estão nessa condição”, explica.

Por meio do reconhecimento do rosto, captado em tempo real pela câmera do equipamento (que se assemelha a um tablet), é possível se comunicar por escrito ou por cartões simbólicos, usando qualquer combinação de movimentos faciais voluntários, como sorrisos, abertura da boca e piscar de olhos, além do giro horizontal, vertical e lateral da cabeça ou até toques da mão direto na tela do aparelho, mesmo que a pessoa tenha baixa coordenação motora fina. O aparelho se adapta a cada indivíduo rapidamente e converte esses gestos em frases vocalizadas, redação de textos, navegação em aplicativos e até controle de jogos.

“Estamos honrados de representar o Brasil nesta competição e mostrar para todos que aqui tem muita coisa incrível sendo produzida. Muitas pessoas ainda não têm dimensão do quanto nosso país está se tornando um polo de inovação e tecnologia. Vamos mostrar ao mundo a potência que nos tornamos”, comenta Adriano Assis, que apresentará aos jurados o produto desenbolvido pela startup mineira. As 10 melhores vão para a finalíssima na sexta, 1º de dezembro.

Inclusão e conectividade

Também é possível usar o Conversia para controlar dispositivos inteligentes, como Smart TVs, lâmpadas e tomadas, usar aplicativos de forma acessível e até mesmo controlar outros aparelhos como computadores e celulares, sempre se valendo do repertório de movimentos voluntários que cada pessoa for capaz de realizar com baixo esforço. O aparelho conta com inteligência artificial avançada para acelerar a predição das frases escritas e para a criação e sugestão automática de cartões de comunicação alternativa baseadas no vocabulário do próprio utilizador.

Elaine Luzia dos Santos, de 34 anos, primeira estudante do Brasil a se formar em medicina após perder a fala, os movimentos dos braços e a capacidade de andar, é também uma das primeiras pessoas a testar a nova tecnologia. Hoje, ela ainda se comunica por meio de uma prancha de letras rudimentar, percorrida manualmente por um parceiro de comunicação. “Muito obrigada por pensarem em mim e nas pessoas que precisam”, escreveu após ser convidada a experimentar o dispositivo.

O comunicador Conversia estará disponível como um serviço que incluirá, além do comodato do aparelho, treinamentos de capacitação, suporte permanente de especialistas e atualizações remotas periódicas. A Colibri Interfaces e Tecnologia foi desesenvolvida pelos mesmos fundadores da premiada empresa TiX Tecnologia Assistiva. Além de soluções de acessibilidade, a Colibri desenvolve interfaces inovadoras para outros públicos, baseadas em inteligência artificial, sempre com o intuito de viabilizar a interação das pessoas sem a necessidade de toques em telas ou de aparelhos físicos.

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