Descobriram recentemente, no espaço, uma pedra de diamante quase do tamanho da lua. Como não pode ser alcançada, muitos são aqueles que ficaram frustrados. Para que serve uma pedra como esta?, devem ter pensado enquanto outros talvez tenham elaborado teorias sobre o assunto. O certo é que é uma riqueza que não pode ser explorada. A América, quando foi descoberta por Cristóvão Colombo, em 1492, também pode ser comparada com uma pedra preciosa que estivesse perdida em um oceano incomensurável ou, pelo menos, assim foi tratada. Daqui tiraram tudo: pedras preciosas, madeira, animais raros e até índios para serem expostos nas cortes da Europa.


O que estas pessoas não pensaram, certamente, foi na sorte destes países, principalmente Portugal e Espanha, quando a colonização acabasse. Como tinham levado tudo o que podiam de países como o Brasil, Argentina, Chile, Peru e outras nações, ficaram na miséria absoluta. Enquanto outros países como Itália, por exemplo, avançaram social e economicamente porque tinham que produzir sua própria riqueza e não tirá-la de algum lugar, foi assim que superaram Espanha e Portugal, que atreladas a suas colônias, tal como um parasita a uma árvore, não haviam produzido nada de importante ao longo do tempo.


A grande riqueza de um povo, portanto, e de uma nação está no trabalho e não na extração. Tudo o que se extrai, acaba. Enquanto tudo o que se produz, se multiplica. Pobres e indefesas sem as suas colônias, Espanha e Portugal são, hoje, o resultado daquilo que fizeram no passado. Deitaram em “berço esplêndido”, como diz um verso do hino brasileiro, e deixaram o tempo passar. Compraram tudo o que quiseram com o suor dos outros e esqueceram que é preciso trabalhar para, de fato, enriquecer e não apenas extrair ou explorar.


A pedra de diamante que circula pelo espaço atualmente, portanto, passa esta lição. Digamos que alguém conseguisse chegar até ela e tirasse, dela, toda a sua riqueza. Seria este um homem rico ou um pobre que possui uma riqueza que não merece porque nada produziu? Portugal e Espanha estão nesta situação. Ricos durante os primeiros séculos das grandes descobertas tornaram-se pobres a partir do século XIX quando as colônias se tornaram independentes. Como resultado disso, Portugal, principalmente, percebeu, de repente, que, na verdade, não possuía nada. O molambo que vestia não passava disso mesmo, um molambo apenas, quando os fios de ouro, que lhe davam imponência, foram arrancados.


Natalício Barroso é jornalista e escritor

 

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