Temos visto nos últimos meses, com mais insistência no pós-eleições deste ano e no último 15 de Novembro, algumas manifestações de rua onde pessoas clamam por um golpe militar para derrubar o atual governo eleito pelo povo e implantação de uma ditadura, numa crise paranoica digna, sim, de intervenção psiquiátrica. E isto em plena vigência do estado de direto e da regularidade da vida democrática político-partidária. Lembrei, então, do livro “1964: O golpe que derrubou um presidente, pôs fim ao regime democrático e instituiu a ditadura no Brasil”, lançado no início deste ano. Obra de indiscutível valor acadêmico, voltada para o grande público.


Nela os historiadores Ângela de Castro Gomes e Jorge Ferreira, nas palavras finais, afirmam: “A democracia não é um regime perfeito e muito menos um regime do consenso. Tem sentido exatamente para dar solução, de maneira pacífica e negociada, respeitando-se as leis vigentes, aos conflitos sociais existentes: grandes, graves, demorados. Esse regime só se sustenta quando as principais forças políticas e sociais aceitam submeter seus interesses a procedimentos e valores republicanos. Em outras palavras, quando aceitam a vitória e a derrota, quase sempre parciais. Por fim, a democracia não é um jogo cujas regras – o “contrato social” – são sustentadas por alguém que está fora dele. As regras do jogo são preestabelecidas e aceitas pelos participantes. A democracia se mantém se as partes em conflito considerarem que vale a pena participar do jogo, cumprindo suas regras. Se não for assim, ela acaba”.


Palavras oportunas para “quem tem olhos de ver”.


Marcos José Diniz Silva é historiador e professor da Uece

*Artigo publicado no jornal Diário do Nordeste e reproduzido neste site com autorização do autor


 

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