Voluntários e professores são impulsionados pela vontade de encantar e transformar

ambientes em lugares de esperança

Todos os dias, voluntários se dedicam a contar histórias que possam mudar a vida de
alguém. Nos corredores de hospitais de Curitiba (PR), um grupo de contadores de histórias
são os personagens principais de uma viagem lúdica que tem os pacientes como
espectadores. Num lugar onde a dor precisa ser encarada de frente, a tristeza é amenizada
pela convicção de que não estão sozinhos. A ação é muito mais que contar histórias, já
que traz humanização e bem estar emocional para os pacientes, afirma a idealizadora do
projeto Instituto História Viva, Roseli Bassi.
Para dar conforto aos pacientes, os voluntários dos hospitais Universitário Cajuru e
Marcelino Champagnat circulam por quartos e corredores. Quem entra nas instituições
hospitalares para realizar um procedimento médico ou acompanhar um familiar, logo se
surpreende com a presença de pessoas dispostas a multiplicar sorrisos e doar seu tempo
ao próximo. “Assim que as histórias começaram a ser contadas, eu logo deixei de pensar
sobre o motivo que me trouxe até aqui, porque o quarto se encheu de leveza e alegria,
conta o paciente Adair Ribeiro dos Santos, enquanto se recupera de um acidente de
trânsito.

O dom da palavra
A vontade de encantar outras pessoas por meio de palavras tem sido a força motriz de
Maria Luiza Stasiak, que é contadora de histórias há 10 anos. Essa caminhada como
voluntária começou depois de estar do outro lado, ao acompanhar de perto o internamento
de familiares, e entender a importância da arte para fazer do hospital um lugar de
esperança. Lembro de um dia, em especial, que contadores de histórias entraram no
quarto onde eu estava como acompanhante e percebi a mudança que houve no ambiente.
A energia boa foi tão contagiante, que minha filha deixou de ser paciente por alguns
minutos quando vestiu o jaleco de voluntária e ajudou a contar histórias aos colegas de
quarto. Foi ali que decidi que queria usar o mesmo jaleco para realizar esse lindo trabalho,
recorda, emocionada.
Ao final de cada história é perceptível que a vida do voluntário também é transformada,
destaca Roseli. A chance de aprender com o outro tem sido um elemento importante para
quem se dispõe a colocar a solidariedade em prática. Por meio de narrativas carregadas de
significados, os contadores de histórias constroem uma ponte entre o imaginário e a
realidade, trazendo benefícios para a plateia e para o próprio narrador. Sempre levamos
para casa muito mais do que fazemos pelos outros, porque saímos daqui com uma energia
que nos impulsiona a espalhar o bem ao mundo, reforça Maria Luiza.
Incentivo à leitura
Mas, para que muitos consigam despertar esse interesse pela leitura e conheçam o poder
das palavras, o incentivo inicial pode ser fundamental. Algumas iniciativas levam o
conhecimento do mundo lúdico das histórias para crianças, com um objetivo nobre:
estimular nelas o gosto pelos livros e, quem sabe, torná-las futuras voluntárias de contação de histórias. É o caso do projeto Pequenos Leitores, desenvolvido pela editora FTD
Educação do Grupo Marista, em parceria com a Comunidade Educativa CEDAC, que
contribui para a formação de leitores desde as primeiras idades, buscando impactar não
somente as crianças, mas toda a comunidade que as cerca.
Criado há dez anos, o trabalho é voltado para municípios do estado de São Paulo, distantes
até 300 km da capital e oferece capacitação e formação de todos os educadores das
escolas atendidas. A cada dois anos, dois municípios, escolhidos por meio de licitação e
análise de índices como IDH, por exemplo, passam a fazer parte do projeto. Em 2023, já
estão sendo atendidas escolas das cidades de Redenção da Serra e Potim. Além das
atividades, as unidades irão receber a doação de livros, escolhidos de acordo com as
idades das crianças, além de treinamento sobre como deixar os materiais expostos para
livre acesso dos alunos, como em estantes baixas e varais.
A Escola Municipal de Educação Infantil Arco-Íris, de Lagoinha no Vale do Paraíba (SP) foi
uma das beneficiadas do projeto em 2017/2018 e até hoje colhe os frutos da formação
recebida. Segundo a coordenadora pedagógica, Claudiane Aparecida dos Santos Araújo, o
Pequenos Leitores ajudou a ressignificar a concepção que a comunidade escolar tinha
sobre leitores e passaram a entender o espaço de leitura como transformador. “Sempre
tivemos na escola um projeto de leituras para as turmas, mas depois de receber essa
formação, passamos a ter um olhar diferente para eles. Agora, nosso projeto interno é
desenhado a partir do interesse das crianças e o mesmo vai acompanhando elas pelos
anos que seguem na instituição. Nesses dois anos fomos entendendo a grandeza do
projeto e o quanto ele apoia os professores a construir o comportamento de leitores em sala de aula”, analisa.
A coordenadora ainda avalia que a formação, além de garantir o incentivo e a leitura de
qualidade, ensina as crianças a valorizar os livros, que antes eram rasgados, riscados e até
pisados. “Nossos alunos hoje entendem a importância desses materiais, assim como os
professores. Tínhamos profissionais aqui que não eram leitores e se tornaram. O trabalho
se potencializou de uma forma tão incrível, que a leitura se tornou a marca da escola,
comemora.
Muito além das histórias
Olhares atentos, ouvidos em prontidão e a esperança como argumento. O trabalho de Maria
Luiza e Claudiane pode parecer corriqueiro, mas a simplicidade dessas ações tem feito
grandes mudanças na vida de muitas pessoas. Nos hospitais Universitário Cajuru e
Marcelino Champagnat, por exemplo, o voluntariado vai além da contação de histórias e
inclui o acompanhamento de pacientes e a visita solidária. Não importa se o paciente está
internado em hospital SUS ou particular. Independentemente da instituição, sabemos que
ele precisa de carinho e atenção. Mas, para que isso seja possível, contamos com pessoas
dispostas a encarar essa linda missão de fazer o bem sem olhar a quem, enfatiza Nilza
Brenny, coordenadora do voluntariado e da pastoral dos hospitais, que fazem parte da
frente de saúde do Grupo Marista.
“A presença dos voluntários mostra aos pacientes que eles não estão sozinhos. Pelo
contrário, há muitas pessoas preocupadas com o bem-estar de todos. E quando

conseguimos amenizar ou tirar o sofrimento de um paciente, sentimos uma felicidade
imensa e que faz tudo valer a pena”, aponta Nilza.

Para quem tem interesse em integrar o voluntariado dos hospitais, basta agendar uma
entrevista pelo telefone (41) 3271-2990 para que a equipe possa avaliar o candidato e
definir em qual atividade se encaixa o seu perfil.

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