Crianças, jovens e adultos do Grande Bom Jardim e apoiadores de outros bairros de Fortaleza participam nesta sexta-feira (25), a partir das 13h, de caravana para pedir o fim da violência e do extermínio contra a população jovem, sobretudo, jovens pobres e negros moradores das periferias. O evento é também para cobrar direitos e cidadania para esse segmento da sociedade. A caminhada faz parte do movimento em favor da Cultura de Paz no Grande Bom Jardim, área da capital cearense que abrange cinco bairros: Siqueira, Canindezinho, Granja Lisboa, Granja Portugal e Bom Jardim. As entidades participantes denunciam que 500 jovens foram assassinados entre 2007 a 2012 no Grande Bom Jardim.

 

A caravana terá como ponto de concentração a Praça da Juventude da Granja Portugal (Rua Emílio de Meneses com Rua Antonio Nery). De lá, o roteiro segue pela Rua Antonio Nery entra pela Rua Humberto Romeu, passa pela Rua Corel Fabriciano, Rua 3 Corações e finaliza na Praça Matriz da Santa Célia no Bom Jardim.

     

Da mobilização pela Cultura de Paz no Grande Bom Jardim fazem parte ações como oficinas com adolescentes e jovens das escolas públicas e com moradores das comunidades, audiência pública, reunião com o secretário de Segurança Pública e pronunciamento na Assembléia Legislativa.


Conforme o material de divulgação da ONG Terre des Hommes-Brasil, uma das entidades participantes, que desenvolve atividades no Bom Jardim, “em 2013 foram assassinadas 2.754 pessoas na região metropolitana de Fortaleza, destes 1.998 somente na capital. Mais da metade dos homicídios são de jovens entre 15 e 24 anos; mais de 70% deles são negros; 90% correspondem a sexo masculino, como destaca o Mapa da Violência 2013, com dados até 2011. Somente no Grande Bom Jardim, de 2007 a 2012, 500 jovens foram assassinados, com idades entre 15 e 29 anos.”

Jovens


Em carta-manifesto a ser distribuída durante a caravana, as juventudes das periferias denunciam: “Uma onda equivocada e conservadora tem defendido o problema da violência com mais violência, policiamento e encarceramento. Queremos dizer que, ao contrário dessa onda, nós jovens, moradores da periferia, não somos os responsáveis pela violência. Como também, nos indignamos contra todos os esforços de criminalização e que nos consideram descartáveis, podendo, assim, sermos presos, torturados ou mortos em nome de uma ‘paz’ que só interessa aos ricos e poderosos. Temos sofrido toda sorte de violações e negações que tem implicações no porque, adolescentes e jovens, recorrem ao mundo do crime e gastam suas energias em práticas criminosas.”

 

No documento, alegam que “para enfrentar a violência, ao invés de mais cadeia e repressão, nós queremos educação de qualidade, esporte, lazer, arte, cultura e bairros com condições de infraestrutura e meio ambiente que não produzam doenças e nem dificuldades a liberdade de ir e vir.” Reafirmam ainda: “para enfrentar a violência temos que enfrentar a desigualdade, a miséria e a fraca oferta de atividades e ações que poderiam impulsionar a cidadania e a dignidade das crianças, adolescentes e jovens”

Participantes


O evento é organizado por instituições que compõe Rede de Desenvolvimento Local, Integrado e Sustentável do Grande Bom Jardim (Rede Delis), que congrega mais de 50 entidades e grupos sociais dos cinco bairros da região. Conta com o apoio de diversas escolas e organizações não governamentais.

 

Entre as entidades farão parte da caminhada o Centro de Valorização da Vida Herbert de Sousa (CDVHS), Terre des Hommes – Brasil, Visão Mundial, Centro de Cidadania e Valorização Humana (CCVH), ABC Bom Jardim, Diaconia, Centro Cultural Bom Jardim, União dos Moradores do bairro Canindezinho, dentre outras. Também estarão representadas as escolas São Francisco, Eudes Veras, CAIC, Osires Pontes, Santo Amaro, Jussier Caminha e outras. O evento conta ainda com a participação de representantes de bairros como Ancuri, Mucuripe, Jangurussu, Pirambu e Serrinha, e de comunidades do município de Caucaia.

Conheça os pontos da pauta por direitos para as juventudes da periferia


  • Fortalecimento das atividades (cursos e oficinas) e da programação do Centro Cultural Bom Jardim;

  • Que atividades do CUCA da Regional V – Chico Anísio – sejam desenvolvidas de forma descentralizada nos bairros do Grande Bom Jardim, bem como seja garantido condições de acesso, com facilidade para transporte para os/as jovens;

  • Acesso à banda larga livre;

  • Opções reais e contínuas de esporte, lazer, arte e cultura para o contingente de crianças, adolescentes e jovens da região;

  • Atividades, reformas e proteção das praças existentes e construção de mais praças pelo território;

  • Entrega imediata da Praça da Juventude da Granja Portugal e do Mini Estádio, com qualidade e um plano democrático de atividades;

  • Fortalecimento do Sistema Único de Saúde, através do Programa de Saúde da Família, para real funcionamento do Programa de Saúde da Escola e de atenção às necessidades específica às juventudes (planejamento familiar e educação sexual);

  • Fim da violência polícia e das abordagens violentas e constrangedoras;

  • Investigação e responsabilização responsável dos crimes, ou seja, fortalecimento e estruturação da ação da polícia civil;

  • Ação emergencial de assistência às populações dos conjuntos habitacionais do Projeto Rio Maranguapinho, com especial atenção para crianças, adolescentes e jovens;

  • Incentivo as ações de Cultura de paz e mediação de conflitos nas escolas e demaisequipamentos públicos;

  • Ação para evitar a evasão escolar, melhor estrutura e assistência aos profissionais da educação;

  • Pela criação de um Grupo de Trabalho Interinstucional (Governo do Estado, Prefeitura e organizações da sociedade civil) que garanta o funcionamento de uma rede de equipamentos atuando em diálogo e comprometidos na proteção e promoção da cidadania de crianças, adolescentes e jovens. Que esta rede compreenda o Centro Cultural Bom Jardim, O ABC e Circo Escola, a Vila Olímpica, A praça da Juventude, o Mini estádio, o Estádio do Bom Jardim, Casa Brasil, CAPS, CRAS, Oca, CUCA, Escolas, Praças, Conselho Tutelar etc.



Com informações do CDVHS – Contato: Joaquim Araújo (fone: 85 8754 6879); e da Tdh Lausanne no Brasil – Contato:  Dulcinea de Carvalho ou Gabriel Campaner (fone: 85  8894 7951)

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here