Nos últimos dias o mundo tem tido sérias preocupações com a paz, observando que os levantes nos países árabes poderão acarretar outras revoltas em diferentes regiões.
Nesse contexto de perturbação internacional, nada mais oportuno do que a leitura da mensagem do Santo Padre, o Papa Bento XVI, no início do corrente ano. Ele lamenta que o ano de 2010 tenha sido marcado pela perseguição, pela discriminação e por terríveis atos de violência e de intolerância religiosa.
O Santo Padre, na verdade, está preocupado com a falta de liberdade religiosa para as comunidades cristãs, particularmente na Ásia , na África e, de modo especial, no Oriente Médio. Mas não deixa de lembrar que a Europa tem necessidade de reconciliar-se com as próprias raízes cristãs, que são fundamentais para compreender o papel que teve e que pretende ter na história.
Segundo Bento XVI, o mundo tem necessidade de valores éticos e espirituais, universais e compartilhados, e a religião pode contribuir para a construção de uma ordem social justa e pacífica a nível nacional e internacional. Para ele, a paz não é simples ausência de guerra, nem mero fruto de predomínio militar ou econômico. Pelo contrário, “a paz é o resultado de um processo de pacificação e elevação cultural, moral e espiritual de cada pessoa e povo, no qual a dignidade humana é plenamente respeitada”.
Essa mensagem, lida no início de 2011, parece não ter sido ouvida por grande parte dos homens. Pelo que parece, outras armas não foram proporcionadas à paz, senão aquelas que se destinam a matar e a exterminar a humanidade.
O cristão não pode desejar que as injustiças sejam corrigidas pela violência. Mesmo nos países comunistas, como Cuba, China e Coreia do Norte, e em outras ditaduras marcadas pela asfixia da liberdade e pela perseguição religiosa, o grito de dor do cristão, segundo Bento XVI, deverá ser sempre acompanhado pela fé, pela esperança e pelo testemunho do amor de Deus.
* Artigo publicado em 10.03.2011 no jornal O Povo e reproduzido neste site com autorização do autor.