Quem começou essa moda de chamar os estádios de futebol de arenas? Qual o objetivo de tal inversão denominativa da praça esportiva máxima do futebol, e também de outros esportes, até muito recentemente conhecidas como estádios, para arenas?


Por que a mídia brasileira fala com tanta emoção, senão excitação, sobre as arenas onde se jogam futebol, ou das magníficas e milionárias arenas que estão sendo construídas para a copa do mundo de futebol?


A coisa já parece natural, tal a banalização do uso. E é necessário que essa mudança de denominação, de Estádio para Arena, seja explicada e justificada pelos seus usuários e propagandistas.


Mas, antes disso convém atentar para as definições historicamente utilizadas, dos dois termos. Os estádios (do grego stádion) são definidos pelos dicionários, inclusive os etimológicos, como sendo campo com instalações destinadas a competições esportivas ou campo de jogos esportivos.


Arena (do latim areia), por sua vez, refere a uma área central, coberta de areia, nos antigos circos romanos, destinada ao combate entre gladiadores, até à morte, e entre estes e feras. O nome, inclusive, vem do costume de se jogar areia no recinto para absorver o sangue derramado.


Desse modo, a mudança que estão tentando impor, aos desavisados brasileiros, caracteriza um indicativo de deturpação do espírito esportivo, impingindo a esses lugares uma direção permissiva a práticas violentas, lugar de combate, de vale tudo no espírito das façanhas doentias e sádicas dos lutadores dos octógonos atuais, na substituição do ideal esportivo grego pelo sanguinário barbarismo dos circos romanos.


Marcos José Diniz Silva – historiador e professor da Uece
*Artigo veiculado no Diário do Nordeste, em 09 de dezembro de 2012. O texto é reproduzido neste site com autorização do autor.

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