“O sobrenatural é o natural alcançado“, dizia Sri Aurobindo. No centro da palma das mãos de muitas pessoas encontramos desenhada a letra  M. Em sânscrito, era a mais sagrada das letras, simbolizando a dualidade e a movimentação ondulada das águas primordiais. Neste sentido, participa do próprio sagrado Pranava OM, associado ao aspecto gráfico do tema. Mística em todas as línguas, representada nos hieróglifos egípcios por h significando as ondas.


Expressava também em forma de: ~~


que com sua sinuosidade simbolizava o conhecimento entre o bem e o mal. Na astrologia representa a ligação do material ao espiritual, do ciente ao inconsciente, do sensível ao inteligível, da terra ao céu, através do símbolo do signo de Aquário.


Nas mãos das pessoas, ela simboliza a condição humana pela união consciente daqueles dois mundos. Mãos em latim é “manus”, daí a palavra manual, manutenção, etc. o termo manu é talvez a mais universal das expressões, sendo encontrado em variações numa infinidade de línguas e dialetos. A palavra tem raiz sânscrita de “man”, o pensador, de “manu”aquele que pensa por si mesmo, e de “manas”, mente. A mão é uma extremidade da mente. Pode aludir-se também a natureza das mandalas budistas pois Budha é o nome sânscrito para o planeta Mercúrio.

 

Consideremos o ser humano  como um timoneiro (palavra que tem a mesma raiz de timo, glândula ainda pouco conhecida pela ciência), de uma embarcação que se lança ao mar em busca de seu verdadeiro destino. Há dois tipos de embarcações, as simples, próprias para o transporte próximo ao litoral. Há embarcações médias, que tanto podem navegar na costa como aventurar-se em alto mar; aquelas de grande calado, capazes de atravessar oceanos.

 

Assim como as pequenas embarcações não podem navegar em alto mar sem risco de naufrágio, as de maior porte também não podem aproximar-se ou sair dos portos sem o auxílio de pequenos rebocadores, sob o risco de encalharem. Compreendemos, desta forma, que os recursos e as fragilidades de um ou de outro tipo de embarcação torna indispensável uma estreita cooperação entre elas.

 

No entanto, o sucesso da missão de todas elas está nas mãos dos timoneiros. É importante que, ao se lançar ao mar, o mestre saiba observar e respeitar as possibilidades e limitações da embarcação que comanda. A supervalorização de seus recursos ou a subestimação de suas potencialidades podem levar ao naufrágio ou à deriva. Comandar um transatlântico em pequenos passeios turísticos pelo litoral ou lançar uma canoa em uma aventura transoceânica é desperdiçar energias, sem que o objetivo seja alcançado.

 

Mas a história nos demonstra em raras ocasiões navegadores solitários, capazes de cruzar mares a bordo de pequenas e frágeis embarcações. Na verdade, são casos excepcionais em que a humildade e a fé fizeram estas pessoas transcenderem as limitações de seus poucos recursos materiais.

 

Disse-me meu marido, familiarizado com assuntos náuticos porque já foi marinheiro, que há uma região no triângulo da Bermudas, onde as condições atmosféricas são capazes de se modificarem em um pouco espaço de tempo. Nestas ocasiões ondas de dois metros, alcançam facilmente vinte. Nestas horas até o navegante mais experimentado perde está sujeito a perder a capacidade de discernir entre  o céu e a terra ( espírito /matéria, consciente/ inconsciente). O primeiro impulso é entregar-se ao pânico e abandonar o barco. Mas mestres experimentados, ao depararem-se com este fenômeno, amarram-se ao corpo da embarcação, temerosos de que a força cega do instinto os arremessa em direção à morte, acreditando estar ali sua salvação.

Mas do jeito que a borrasca chega, assim ela se vai, que sendo o barco construído dentro de suas especificações técnicas, navegando em águas apropriadas e conduzido por marinheiros experimentados, jamais vai a pique, por mais adversas que sejam as condições.

 

O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima, diz a sabedoria hermética. A palma da mão, com suas linhas e sinais, é  a carta náutica onde vemos traçadas as rotas a serem navegadas e os rumos a serem tomados pelos humanos. O formato das mãos, as linhas, os montes, o polegar e os dedos mostram-nos a qualidade, capacidade e condições da embarcação a ser pilotada e o espírito de seu timoneiro.

Mãos que apresentam todas as linhas principais são como embarcações aptas para cruzarem oceanos e conhecerem distantes portos, mas correm o risco de, em não sendo pilotadas habilmente, ficarem à deriva. Mãos simples de poucas e profundas linhas são como canoas que prestam auxílio em dia de temporal ouo jangadas que voltam ao mar carregadas de peixes, trazendo alimento à população.

 

A leitura das mãos nos alertará para o tipo de embarcação com que contamos para com ela cruzar, por nossa vontade, as melhores e mais seguras rotas.

 Algumas sugestões de leitura sobre Quirologia:

 


BENHAM, Wan The Benham Book of Palmistry. Newcastle Publishi.


CABODEVILLA, José Maria. El Libro de Las Manos. Ediciones Rio Duelo.


GLAS, Nobert. As mãos revelam o Homem. Editora Antroposófica.


NAPIR, John. A mão do homem. Zahar editores.


REVEZ, Geza. The human Hand. Routledge& Kegan Paul.


Artigo publicado no Portal Órion e reproduzido neste site com autorização da autora


* Jane Eyre é psicóloga e filósofa – janemel@superig.com.br


 

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