A pessoa humana, segundo a vontade de Deus-Pai, deveria estar no centro das ações e decisões tomadas pelos que detêm o destino do mundo. Aos 5 de novembro de 2016, o Sumo Pontífice, ao se encontrar com cerca de 5 mil membros dos Movimentos Populares que foram a Roma para o seu 3º Encontro Mundial subordinado ao tema “Trabalho, Teto, Terra”, falou com clareza, e sem deixar dúvida, do seu desejo diante da realidade dolorosa do mundo: “Devemos lembrar-nos diariamente desta injustiça: num mundo rico em recursos alimentares, também graças aos enormes progressos tecnológicos, são demasiados aqueles que não têm o necessário para sobreviver”.


A espiritualidade de Francisco de Assis, encarnada no Papa Francisco, é em busca por uma Igreja solidária e sensível ao clamor dos que sofrem e que passam por tribulações humanas e espirituais. O compromisso com uma Igreja que não se distancia da profecia, que não tem medo de abraçar por inteiro o Evangelho de Jesus, no que asseverou o Bispo de Roma: “Vê-se nos ‘olhos das crianças’ nos campos de refugiados a ‘bancarrota da humanidade’, pela qual se faz pouco para salvar, mas, se for a bancarrota de um banco, imediatamente se procura salvar”. A maior vergonha do mundo, segundo Francisco, “é salvar bancos, e não pessoas”. Aqui vale lembrar o pastor da paz e da ternura, Dom Helder Câmara, que, com grande sabedoria, dizia que tinha pena dos empobrecidos, dos sem-abrigo, e mais pena ainda sentia dos instalados e enraizados, como se este mundo fosse morada permanente.


No Cântico das Criaturas, vemos um Francisco de Assis amando e respeitando a criatura humana e, ao mesmo tempo, protegendo animais e plantas, chamando-os, com a elevada ternura, de irmãos e irmãs. A chuva, o vento, o fogo e tudo o mais, para ele, deveriam ser carinhosamente tratados e respeitados como irmãos. Fica fácil de compreender o porquê da figura humana mais importante e atraente do milênio passado, ele que foi e é conhecido em todo o planeta. Percebemos a necessidade sempre maior, a partir do Poverello de Assis e do Papa Francisco, de que o sonho de um mundo verdadeiramente de irmãos, tendo por base a fé e a esperança, tem que ser vivenciado dentro de uma nova visão, a ponto de se notar a diferença, no exemplo daquele que foi ao extremo, desceu e foi às raízes. Como é enorme a fome de esperança profética do Papa Francisco! Restaurar “a casa comum” é seu grande compromisso, uma vez que dela depende a vida como um todo.


Que a humanidade faça uma  generosa reflexão, olhando para a realidade gritante do planeta, quando o Santo Padre denuncia a fome como um grande escândalo, falando com clareza de um sistema terrorista, ao extremo de “expulsar a maravilha da criação: o homem e a mulher”, cedendo lugar ao dinheiro.


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