A Enseada do Mucuripe pede socorro. Há muitos anos, a biotada área marinha da enseada vem sofrendo com a degradação e poluição. A maioria das pessoas não sabe que a área ainda abriga uma maravilhosa fauna, composta por golfinhos, tartarugas marinhas, peixes, crustáceos, aves costeiras e outros seres invisíveis a olho nu.

No entanto, nada disso é levado em conta quando são licenciadas atividades na área costeira e marinha da região, a exemplo do Porto e Estaleiro, a realização de dragagens, reforma e construção de espigões, aterros, píers, além do atual projeto do Aquário do Ceará. Como em outras áreas do Brasil, os órgãos licenciadores federal, estadual e municipal deveriam exigir a execução de programas de monitoramento da fauna com o objetivo de identificar as ameaças e como elas estão impactando os animais.

Por isso, a Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis) alerta o Governo do Estado do Ceará que o estudo para o licenciamento ambiental do Aquário não está levando em consideração a fauna marinha local de forma adequada.

A Aquasis acredita que o empreendimento deve ser um exemplo de preocupação com a conservação da vida marinha uma vez que um dos seus objetivos é educação ambiental.

O pensamento de que não é necessário desenvolver projetos de conservação na região porque a área já está degradada é completamente errôneo. A melhoria da qualidade da área marinha de Fortaleza não beneficiaria apenas os golfinhos ou as tartarugas, mas também os pescadores, que vivem do peixe que eles retiram todos os dias dali. Favoreceria os moradores, que poderiam tomar banho de mar após uma caminhada. Além dos turistas, que poderiam desfrutar das águas calmas e, quem sabe um dia, limpas, desse cartão postal da capital.

* Artigo publicado originalmente no jornal O Povo de 8 de dezembro de 2011 e reproduzido neste site com autorização da autora

 

Carol Meireles
cameirelles@yahoo.com.br

Bióloga e mestre em Ecologia Aquática

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