A pessoa humana, toda pessoa humana, deve estar no centro de todo e qualquer planejamento de melhoria sócio e econômico, político e cultural. De acordo com o projeto de Deus Pai, percebemos a urgência de uma grande atenção, no presente em que vivemos, evidentemente voltando-se para o futuro de nossa sociedade, como um sinal de esperança, quando se exige interpretar os sinais de Deus, à luz da sua própria Palavra, a nos indicar uma nova história, um novo futuro para a humanidade.1

“Se desejamos avançar e progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma nova história” (Mahatma Gandhi). Nosso artigo, quiçá, seja uma ajuda para uma tomada de consciência e posição firme e segura, em nome da ética, da moral e, sobretudo, através da fé, no sentido surgir caminhos e saídas, na delicada questão da vida aqui neste mundo em que vivemos, na nossa cidade de Fortaleza e em todo Brasil.

Devemos ter consciência clara de que o batismo está na origem de todo o trabalho da Pastoral de Conjunto e de toda a ação missionária da Igreja. Os batizados, inseridos em Cristo e por Ele no Pai e no Espírito Santo, são enviados ao mundo para salvar o mundo (Lumen Gentium, 48). Numa realidade de opressão, profundamente marcada por sinais de morte, como é bom e maravilhoso ouvir a voz do nosso Deus a nos interpelar: “Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: Não fecheis os corações como em meriba” (Sl 94, 8).

Que a nossa ação seja verdadeiramente dentro da visão cristã. O último livro da Sagrada Escritura, o Apocalipse, apresenta-nos a cidade como ela deve ser, a nova Jerusalém, a cidade santa, obra de Deus e também obra dos homens que vivem o projeto de Deus. “Quando Jesus se aproximou de Jerusalém e viu a cidade, começou a chorar. E disse: Ah! Se neste dia também tu conhecesses a mensagem de paz! Agora, porém, isso está escondido aos teus olhos!” (Lc 19, 41-42).

E o que fazemos hoje em relação à Fortaleza, especialmente, agora neste tempo em que antecede a Copa e que a mesma se prepara? Escutamos muitas reclamações e queixas, contra a remoção para a periferia da cidade dos moradores das comunidades onde vão passar os veículos leves sobre trilhos (VLT) vindas dos moradores que estão sendo atingidos.

Olha, voltando para o Cardeal Lorscheider, de saudosa memória, vejamos o que ele tem a nos dizer: “Devemos ser uma Igreja que sabe escutar e, escutando, aprofundar e encarnar a Palavra de Deus na vida. Igreja que ajuda a construir a nova sociedade, em total fidelidade ao homem, no Espírito Santo. Os batizados, inseridos em Cristo e por Ele no Pai e no Espírito Santo, são enviados ao mundo para salvar o mundo”. 2

Que a todo tipo de carência e dependência existentes entre as pessoas nesta nossa querida cidade de Fortaleza, possa se transformar em solidariedade fraterna, numa bela convivência de paz e harmonia entre seus moradores, na esperança de que “nós não temos aqui cidade permanente, mas vivemos à procura da cidade que há de vir” (Hb 13, 14).

Daí nossa ação concreta, no sentido de responder à luz do Evangelho, aos anseios de todos os que aqui moram. “A cidade deve ser um espaço de convivência solidária para todos os que nela moram, convivência que seja resultante da convergência de esforços para tornar a cidade sempre mais humana e também mais cristã” (Dom Aloísio Lorscheider).

1 Dom Aloísio Lorscheider, Carta Pastoral sobre o uso e a posse do solo urbano, 1989

2 Carta sobre a ação pastoral na Arquidiocese de Fortaleza, de 1989.

Pe. Geovane Saraiva, Pároco de Santo Afonso – pegeovane@paroquiasantoafonso.org.br

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