Fraternidade e Segurança: eis o tema da Campanha da Fraternidade deste ano. A segurança é um direito fundamental, com abrigo especial em nossa Constituição. Todavia, no plano concreto, só será garantida se extensiva a todos. Destarte, a segurança individual será uma conseqüência da segurança coletiva. O artigo 144 da Constituição Federal preceitua que a segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos. Significa reconhecer que a segurança resulta do compromisso do Estado com todos e também do compromisso de todos com todos, e esse compromisso tem um nome: cidadania, que nada mais é do que a relação de compromisso social, onde todos cuidam de todos.
Assim compreendida, cidadania é o mesmo que ética, que é fraternidade solidária, base da convivência pacífica entre os humanos.Essa convivência, segundo o filósofo existencialista K. Jasper, resume todo o sentido de nossa existência, e é o que nos garante a segurança. Aliás, não só nossa segurança, mas nossa própria existência é produto da fraternidade, sem a qual nós humanos, os mais frágeis de todos os seres, jamais teríamos sobrevivido às intempéries da natureza e à violência feral das demais criaturas.
Somos, portanto, resultado da fraternidade solidária, ou da ética, e só por meio dela nos manteremos vivos por muito tempo. As guerras e as grandes crises, como a das drogas, a ambiental e a econômica que ora nos ameaçam, têm esta gênese comum: a falta de ética ou de fraternidade solidária, causa maior de todos os grandes problemas da humanidade.
Se num passado remoto essa fraternidade nos livrou da extinção, também somente por ela poderemos sobreviver outra vez. Na fraternidade solidária (ética), todos cuidarão de todos, e não haverá insegurança. É na perspectiva dessa fraternidade que se construirá uma nova cultura, com justiça social, paz e segurança. Sem essa fraternidade, todas as ações de segurança falharão, no Brasil e no mundo. Discurso quaresmal dos cristãos? Sim, mas doravante, também de chefes de estado ou de governos e, evidentemente, de todos os que queiram sobreviver com segurança.
* Artigo publicado em 27.02.09 no jornal O Povo e reproduzido neste site com autorização do autor.
Paulo Eduardo Mendes
– Jornalista
soedumendes@hotmail.com