É notável a evolução de todos os setores da comunicação no processo de trazer e revelar soluções aos órfãos da sociedade civil. O terceiro setor evoluiu, a mídia também. Exemplos vários atestam que a mídia está assumindo finalmente a maternidade dos órfãos sociais. A ANDI – Agência Nacional dos Direitos da Infância (www.andi.org.br), o Prêmio Ethos de Jornalismo (www.ethos.com.br), o Prêmio do Instituto Ayrton Senna (http://senna.globo.com/institutoayrtonsenna/), são manifestações desse novo pensamento construtivo que prolifera. Já foi o tempo das denúncias. Estando por um fio na navalha da sobrevivência, começando uma nova história a partir do 11 de setembro. Não existe outro caminho.
Agora estamos no tempo das soluções. Há muito mais o que se fazer. É tempo de acordar e de lembrar que estamos com pouco tempo! Temos que reconhecer a evolução da Mídia das Soluções. Mas ainda há muito mais o que se fazer e pensar a respeito da Mídia da Paz. É preciso que a mídia assuma a maternidade de uma cultura de paz e exponha eticamente o seu papel transformador, através da educação. E da conscientização. Existe uma reflexão vigorosa ao redor do mundo sobre o papel da mídia na construção de um mundo melhor, como agente de benefício para todos os cidadãos planetários.
Eu tive a honra de participar de um momento representativo dessa reflexão mundial em Nova Iorque, representando o Movimento Mídia da Paz, a convite da Organização Pacifista Brahma Kumaris (www.bkumaris.com.br/home.htm), com o apoio da Nutrimental (www.nutrimental.com.br). Pude comprovar que eles existem: os comunicadores da paz existem! E sem dúvida, o 11 de setembro
Estimulou a sua proliferação.
Um grupo de jornalistas, publicitários e comunicadores estiveram reunidos no 2o. encontro mundial denominado Imagens e Vozes de Esperança, em Peace Village, um retiro espiritual em Mountains Catskills, Nova York. Além do Brasil, participantes do mundo todo, Turquia, Malásia, África do Sul, Argentina, Filipinas, Inglaterra, Europa e Estados Unidos, comprometeram-se a adotar iniciativas que levem adiante a visão e o tema da conferência: como a mídia pode servir como um agente para o benefício do mundo. As sessões foram permeadas de um intenso diálogo sobre o papel significativo da
Mídia no atentado de 11 de setembro.
Foi uma grande conversa internacional sobre o impacto social das imagens e mensagens públicas. Uma nova mídia foi gerada, resultado de uma fecundação consciente e responsável. Senti o estimulo de todos. Presenciei o resgate do verdadeiro sentido do ofício. Observei a atitude dos comunicadores como agentes de mudança. Assisti às imagens e ouvi as mensagens das possibilidades.
O método denominado “Diálogo Apreciativo”, desenvolvido na Universidade Case Western (www.cwru.edu/) foi utilizado nessas conversações para promover a criação de práticas que revelem uma abordagem positiva para a mudança. Um novo paradigma foi co-criado: notícia boa também é notícia.
A fertilidade desse encontro gerou idéias que transcendem as soluções e têm o potencial de Construir uma nova história para toda a sociedade global.
São várias as propostas e grandes as possibilidades. Uma rede de conversações em cidades e escolas, prêmios de incentivo a produtores e criadores da mídia que gerem trabalho com novas imagens de paz, uma rede global de jornalistas e ativistas sociais para expandir o impacto de noticias positivas, uma academia de liderança que nutra uma cultura apreciativa e um grupo de apoio a profissionais da mídia e jornalistas no balanceamento da edição de suas notícias e reportagens. Iniciativas adicionais foram propostas para as artes, propaganda, e escolas de jornalismo. A atmosfera do encontro foi repleta de um sentido de urgência positiva para atender a demanda atual do público que está esperando novas mensagens, e para a criação de soluções práticas e relevantes num mundo que está sofrendo dramáticas mudanças.
O Movimento Mídia da Paz (www.midiadapaz.org/transformacao/movimento.htm) acredita na criação de uma nova história através de um nível completamente novo de cooperação: o da cultura da paz e da não-violência. A proposta é que todos os comunicadores reflitam sobre a adoção de uma perspectiva construtiva revolucionária e que faça diferença em sua profissão. Que suas imagens e mensagens, em vez de armar a sociedade com o medo que amplia o perigo, desarmem quem quer a guerra e inspire quem ainda acredita na paz.
Rosa Alegria
Futurista, pesquisadora de tendências, vice-presidente do NEF – Núcleo de Estudos do Futuro da PUC-SP www.nef.org.br, diretora-presidente da Perspektiva, consultoria de tendências, cenários e estratégias. www.perspektiva.com.br e instrutora do Uniethos www.uniethos.org.br. Coordenadora do Movimento Mídia da Paz.
alegria@perspektiva.com.br