Como já acontecia há décadas nos EUA e na Europa, a discussão em torno da descriminalização ou legalização do aborto finalmente entrou na corrida presidencial por aqui. E com a importância que merece. Já era hora de alguém gritar por aqui pelos mais de um milhão e meio de brasileirinhos mortos, silenciosamente, todos os anos, sem direito a defesa.
O alerta veio de baixo para cima. Diversos segmentos sociais pautaram a mídia para o tema depois de intensa migração de votos, a partir da divulgação de vídeos que mostraram a posição dos partidos e seus respectivos candidatos sobre a questão. Devemos agora minimizar esse debate, julgando-o irrelevante, “varrendo-o para debaixo do tapete” como nossa sociedade o fez durante todos esses anos?
Não. Não podemos! Principalmente em um momento dramático para a causa da vida no Brasil. Pela primeira vez teremos um Congresso com maioria pró-aborto. E o eleitor precisa saber que o futuro Presidente tem, sim, um papel fundamental na definição da sorte de milhões de crianças por nascer. Além de poder influenciar parlamentares, o Presidente tem a prerrogativa de vetar e sancionar qualquer deliberação do Congresso sobre a matéria!
Portanto, qualquer tentativa de desqualificar esse debate no 2º turno é um golpe contra a democracia de um País cujo povo tem valores e princípios cultivados desde o berço. Discutir a problemática do aborto é um claro sinal de maturidade política.
É preciso estarmos conscientes da carnificina que são os abortos. Pelo método mais comum, o da sucção, a criança é esquartejada no ventre da mãe. Depois, pedaço a pedaço, é retirada do útero e vai para o lixo.
E mais: Por ser antinatural, o aborto tem consequências físicas, emocionais e psicológicas para quem o pratica. Muitas que abortaram não conseguem se perdoar. Daí a propensão 53% maior para transtornos como depressão e casos de suicídio. Sem falar na dificuldade de engravidar de novo.
Com o avanço da ciência, não precisamos sequer usar argumentos de cunho espiritual para defender a vida desde a concepção. Já é possível, identificar o pulsar de um coraçãozinho 19 dias após a fecundação. O projeto Genoma/2003 comprova, pelo DNA, que o embrião é um Ser único e com características próprias, diferentes do pai e da mãe.
A cláusula quinta da Constituição Brasileira é pétrea e diz que o direito a vida é inviolável. Legalizar o aborto é instituir a pena de morte aos mais fracos. Iremos escolher, no próximo dia 31, se queremos a cultura da vida ou da morte em nosso país. É essencial pesquisar sobre a história dos candidatos e de seus partidos sobre suas premissas em relação ao tema.
O futuro governo deveria criar políticas públicas para a prevenir a gravidez indesejada com uma maior democratização dos métodos contraceptivos, com educação sexual nas escolas e campanhas de esclarecimento nos meios de comunicação. Legalizar o aborto definitivamente não é ético e, por isso, não pode ser solução.
* Artigo publicado no Jornal O Povo no dia 14.10.2010 e reproduzido neste site com autorização do autor.
Luís Eduardo Girão é Produtor de cinema, diretor da ONG Estação da LUZ e membro da executiva nacional do Movimento Brasil sem Aborto.