O jumento está mencionado no Gênesis quando o Senhor disse a Abrão para deixar a sua terra e a casa de seu pai, para habitar a terra que eu te mostrarei! Abraão com sua gente rumou à terra indicada pelo Senhor, atingida pela fome. Abraão deixa este local com destino ao Egito, onde, como estrangeiro pudesse viver dias melhores.
Recomendou Abraão a Sara, sua mulher, que sendo ela formosa e bela dissesse aos egípcios que ela era sua irmã, receoso de que pudessem matá-lo para possuí-la. Sara foi tomada para casa do Faraó, recebendo Abraão presentes de ovelhas, vacas, jumentos, servos e servas, jumentas e camelos.
Na Bíblia, o jumento é citado mais de 130 vezes. Algumas ilustrações:
– não se podia jungir o boi e o jumento no mesmo arado por causa da diferença de forças entre os dois animais (Deut., 12,10);
– caridade com o próximo – O jumento de teu irmão ou o seu boi não verás caído no caminho e dele te esconderás; com ele levantarás sem falta (Deut., 4);
– todo primogênito macho para nascer os animais deve ser sacrificado, exceto o jumento que deverá ser trocado por um cordeiro (Êxodo 13,13);
– o descanso sabatino que era sacral também atinge o jumento (Êxodo, 23,12);
– se o jumento cair num poço ou fosso pode ser retirado em dia de sábado (Lucas 13,14 -15);
– jumento roubado, deve ser pago em dobro (Êxodo, 22,4);
– se o jumento do próprio inimigo estiver caído é obrigado a levantá-lo (Êxodo, 23,5);
– é proibido cobiçar o jumento do próximo, pecado tão grave como cobiçar a mulher alheia (Êxodo 20,17: Deut. 5,21).
A imagem do jumento era muito cara perante o mundo cristão, desde quando aparece como testemunha muda no estábulo junto à manjedoura onde estava depositado o Menino Jesus após seu nascimento em Belém. Carregou pacientemente no seu dorso a Santíssima Mãe com o Filho no colo, na caminhada em fuga para o Egito. Por final, conduz no seu dorso, o Nazareno na sua entrada triunfal em Jerusalém de volta de Betânia. Davi se confessa com um jumento diante de Deus; o Anjo de Deus avisa a Agar, no deserto, que ela será mãe e seu filho será forte e esbelto como um jumento. Os profetas anunciam que o Messias virá montado num jumento.
Eliezer, enviado por Abraão a procurar uma esposa para Isac, tenta convencer Rebeca, pondo em evidência a riqueza e fortuna do seu presumível sogro – O Senhor abençoou muito ao meu amo e o engrandeceu e lhe deu ovelhas e bois, prata e ouro, criados e criadas, camelos e jumentos (Gen. 24,35).
Jô é considerado grande entre os maiores porque possuía 7000 ovelhas, 3000 camelos, 500 juntas de boi e 500 jumentos (Job 1,3).
Quando Esaú marchou contra Jacó, este para abrandá-lo, envia-lhe ricos e numerosos presentes constituídos de 200 cabras, 200 bodes, 200 ovelhas, 20 carneiros, 30 camelos, 40 vacas e 30 jumentos (Gen. 31,14 -15).
Quando os judeus voltavam com Zorababel para Jerusalém traziam 61000 jumentos (Esdras, 2,67).
Enquanto isso, hoje o jumento encontra-se abandonado nas estradas, reproduzindo-se, morrendo de fome e sede, nasce e cresce – quando cresce – em locais imundos, sobre dejetos ou em currais inapropriados, no mais completo abandono e desprezado permanece até o último de seus dias.
Se não é jogado à própria sorte ou morto com crueldade para que se livrem deles, é rudemente explorado até a exaustão para serviços pesados por carroceiros e donos de depósitos de material de construção ou para divertimento do homem como em corrida de jumentos, onde cigarros acesos são introduzidos em seus ouvidos ou ânus para correrem e seu dono ganhar a aposta, já que sua compleição não é de animal de corrida como o cavalo.
Geuza Leitão – presidente da União Internacional Protetora dos Animais