Imperdível o longa metragem “Área Q”, ainda em exibição em salas de Fortaleza.  O tema fascina, sobretudo por tratar de ocorrências de Objetos Voadores Não Identificados – OVNIs, em locais tão próximos de nós, ali no Sertão Central: os municípios de Quixadá e Quixeramobim, daí o “Q” do nome da película.

Não está em jogo se o espectador acredita ou não em extraterrestres, em abduções. O bom do filme está na mensagem, no alerta que aos terráqueos para tratarem melhor o planeta antes que ele sucumba de vez em conseqüência da barbárie do dia-a-dia, da violência entre irmãos, da falta de solidariedade, do desamor, do medo, da desumanidade, da destruição da natureza, da exploração do homem pelo homem, do desrespeito ao meio ambiente… Prega um mundo novo, composto por pessoas inteligentes e humanitárias, preparadas para uma vida saudável e compartilhada, diferente de tudo que está aí.

Num tempo tão conturbado como o atual, onde quase inexistem filmagens com temática verdadeiramente positiva – pois a indústria cinematográfica está mais interessada no lucro fácil – merece aplausos a iniciativa dos produtores de “Área Q” bem como a sensibilidade dos patrocinadores, aqui destacando o Governo do Estado do Ceará e as Prefeituras Municipais de Quixadá e Quixeramobim.

O cenário aproveita o melhor da “Terra dos Monólitos”, com tomadas em locais turísticos como o “Chalé da Pedra”, utilizado como hotel, cujo proprietário é interpretado pelo teatrólogo Haroldo Serra. Aliás, há diversos atores cearenses como Hiramiza Serra, Rodger Rogério dentre outros, contracenando com nomes consagrados: Murilo Rosa, Isaiah Washington e Tânia Khalill. Também foram bem aproveitados, no contexto, o Açude do Cedro e seu entorno, inclusive a “Pedra da Galinha Choca”. Aqui lembro que tal pedra é “uma das belezas naturais do Ceará”, juntamente com o “Frade de Pedra” (Itapajé), a “Gruta de Ubajara” e a “Bica do Ipu” – como aprendi menino com minha mãe, professora Maria Dolores Sampaio Gomes, no livro “Coreografia do Ceará” na Escola Canabrava, da rede estadual, em Palmácia.

Outros cenários bonitos: igrejas; vista aérea; singeleza campestre das casas de trabalhadores sertanejos: banco no alpendre, retrato pintado do casal junto a quadros de santos na parede da sala, e a cozinha com fogão a lenha. A zona rural dos dois municípios está bem retratada, com estradas de piçarra, cercas de pau-a-pique, jumentos, utilização de carroças e a aridez da caatinga, que me fez recordar a “desolação da terra comburida” como cita Olegário Mariano no poema “O “Milagre do Nordeste”…

Paulo Tadeu é jornalista – paulotadeus@gmail.com

 

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