Dois filósofos, Alberto Giubilini e Francesca Minerva, publicaram um ensaio científico  no Journal of Medical Ethics com o título “Why should the baby live?” (Por que deve o bebê viver?), causando uma enorme polêmica e chocando muita gente. Dentre as premissas levantadas, uma delas se baseia em registros de 18 países europeus, onde o aborto é legalizado há muito tempo. Nestes registros, descobriram que entre 2005 e 2009 ocorreram 1700 nascimentos de crianças com síndrome de Down que não foram diagnosticadas durante  a gravidez, escapando do aborto.

Considero bastante lógica e natural a conclusão filosófica do ensaio que defende a possibilidade de legalizar também a morte de bebês recém-nascidos com alguma deficiência física, desde que os pais assim o queiram.  Existe neste raciocínio uma perfeita coerência ética com o aborto realizado em qualquer estágio da gravidez.

Há 30 anos, do ponto de vista médico e científico era impossível salvar a vida de uma criança com 5 meses de idade, nascida num parto prematuro. Hoje, graças aos grandes avanços da ciência é perfeitamente viável e natural. Muitos  gostam de usar o termo “feto”que apesar de biologicamente correto, não pode ser aplicado neste caso, pois trata-se de um bebê, mesmo pesando menos de um quilo. O mesmo vale para a tão propalada 12ª  semana de gestação, limite imposto por muitos países europeus para o aborto legal. Trata-se de outra aberração biologicamente insustentável. O corpo da criança ainda no útero materno completa a formação de todos os seus órgãos (coração, pulmão, cérebro e sistema nervoso) entre a 10ª e a 12ª  semana.

Ninguém pode precisar o exato momento em que o corpo está formado, pois a vida é um ato contínuo a   partir do momento da fecundação do óvulo pelo espermatozóide. Resumindo, em qualquer momento da gravidez em que um aborto é realizado, sempre ocorre um assassinato de uma criança que não tem qualquer direito de defesa. Portanto, quando uma sociedade aceita que os pais podem matar seus filhos com 3, 4 ou 5 meses de idade, porque não aceitar que o façam também aos 9 meses?

Do ponto de vista filosófico, científico e religioso só tem sentido o aborto quando existe risco de vida para a mãe. Mais uma vez, a ciência evolui a favor da vida, pois se há 50 anos era  comum uma mulher morrer durante o parto, hoje este risco é raríssimo. Não gosto e não uso a palavra “feto” pois a mim soa como uma coisa, um objeto e não uma vida humana, um bebê, que deve ter respeitado seu direito mais fundamental, o direito de viver.

Começa a tramitar no Congresso Nacional,  um projeto de lei oriundo de uma comissão de juristas que propõe várias alterações  no código penal, dentre elas, mais uma vez, a tentativa de legalizar o aborto no Brasil. Felizmente, fica cada vez  mais difícil a defesa  racional deste holocausto silencioso, onde mais de 50 milhões de crianças são abortadas no mundo, todos os anos. Além dos progressos científicos a favor da vida, no caso do Brasil, a maioria de seu povo sempre foi contrário ao aborto e está cada vez mais esclarecido e disposto a se mobilizar para evitar a legalização de um crime tão estúpido e hediondo.

Encerro, deixando para os dois corajosos e coerentes filósofos europeus e também para a comissão de juristas brasileiros, dois extraordinários pensamentos que transcendem a política, a ciência e a filosofia humana:

“O aborto não é como dizem, simplesmente um assassinato. É um roubo…Nem pode haver roubo maior. Porque, ao malogrado nascituro, rouba-se-lhe este mundo, o céu, as estrelas, o universo, tudo. O aborto é o roubo infinito”. (Mário Quintana)

“Eu sinto que o grande destruidor da Paz hoje é o aborto, porque é uma guerra contra a criança. Se nós aceitamos que uma mãe pode matar seu próprio filho, como é que nós podemos dizer às outras pessoas para não se matarem?” (Teresa de Calcutá)

 
* Luiz Bassuma é ex-deputado federal e militante em defesa da vida – bassuma@bassuma.com.br

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