O Dia Mundial do Meio Ambiente foi estabelecido pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1972, por ocasião da abertura da Conferência de Estocolmo na Suécia. Desde então, comemorado anualmente  no dia 5 de junho, chamando atenção para o lado humano das questões ambientais; capacitar as pessoas a se tornarem agentes ativos do desenvolvimento sustentável; também promover a compreensão de que é fundamental que comunidades e indivíduos mudem de mentalidade em relação ao uso dos recursos e das questões ambientais, sem esquecer evidentemente da necessidade de parcerias para garantir que todas as nações e povos desfrutem de um futuro mais seguro e mais profícuo.


A atenção de todas as pessoas de boa vontade deveria se voltar para a realidade acima mencionada, diante do clamor e do gemido da natureza, á beira do abismo (cf. Rm 8,22). A criatura humana é convocada e não tem outro caminho, no sentido de evitar sua própria autodestruição, fazendo sua parte, tendo diante da mente, nos olhos e no coração a vida do planeta como um santuário ou um lugar sagrado, com maior razão para nós cristãos, inspirados no sonho e na força da figura humana de Francisco de Assis, o qual abraçou o projeto de Deus Pai com uma comovedora ternura, tornando-se fascinado por Ele e por suas criaturas e foi exatamente este fascínio que o tornou extremamente humano, por unanimidade considerado patrono do meio ambiente ou da ecologia.


Agradeço a Deus, como se fosse uma inspiração, quando alhures disse em artigo que toda civilização necessita de figuras exemplares, modelos e referenciais, as quais mostrem concretamente ao mundo, os grandes sonhos e utopias, numa palavra, mostrem os valores últimos, no tocante de sustentar as motivações dos seres humanos, na sua relação e ação com Deus e seus semelhantes, com a natureza ou meio ambiente. Parece até que estava antevendo a novidade ou o presente para o mundo hodierno, que foi a eleição (13/03/2013) do Papa Francisco, dando provas concretas, através dos gestos e sinais, de que tem sonhos para a renovação da Igreja e do mundo, a ponto de sensibilizar corações e consciências a uma profunda conversão.


Na oportunidade citava o Hartmut Koschyk, Vice-Ministro da Economia Alemã, que ao visitar aos 05/05/2012 a Basílica de São Francisco de Assis – Itália, pronunciou as seguintes palavras: “Seria melhor uma Europa mais franciscana”. Segundo aparece no site www.sanfrancesco.org, o Vice-Ministro alemão teria afirmado que “o pensamento franciscano é caracterizado pela fraternidade, bondade e solidariedade, virtudes que podem contribuir para uma nova ordem ética e econômica”, que não prescinda da natureza ou meio ambiente.


Com o Papa Francisco, somos chamados ainda mais a contemplar o Pobrezinho de Assis, cuja vida não significou um abandono do mundo, de seu convívio de então e das relações entre as pessoas. Ao contrário, podemos ver na sua radical opção de vida, de um modo claro e explícito, uma dura crítica às forças dominantes do tempo por ele vivido, indicando uma nova sociedade, fundamentada nos valores do Evangelho, tendo como resultado a solidariedade e fraternidade dos filhos de Deus.


Francisco de Assis, na sua “loucura” por Deus e por suas criaturas, iniciava uma nova forma de convívio humano, fundamentalmente chamando a atenção para as questões ambientais, comemorado neste dia 05 de junho no mundo inteiro. Como é salutar pensar num Francisco de Assis como irmão universal, o qual chamava irmãos e irmãs todas as criaturas, mesmo as últimas, indicando claramente, que todos os seres vivos procedem de uma mesma e única fonte: Deus.  Daí a sua primeira relação com a natureza ser não de domínio ou posse, mas de fraterna e terna convivência.


Diante da herança incomensurável deixada por Francisco de Assis, bondade de Deus, tão bem assimilada e assumida pelo Papa Francisco, sejamos inspirados a lutar em defesa da vida humana na face da terra em toda sua plenitude, aqui posta em questão no seu sentido último, a partir do Pobrezinho de Assis, ao colocar nossas forças e talentos bem acima dos interesses pessoais e particulares, num grande clamor por solidariedade, esforçando-nos para salvar o mundo, associados ao Santo Padre, seu maior protagonista, que a partir do absoluto de Deus, quer dizer uma palavra de ordem: o planeta precisa de vocês!

 


*Padre Geovane Saraiva faz parte da Arquidiocese de Fortaleza. É escritor, colunista, blogueiro, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal – Pároco de Santo Afonso – geovanesaraiva@gmail.com


 

 

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