A Fissura Labiopalatina é uma condição que afeta não apenas a aparência física, mas também a funcionalidade da voz, respiração e audição, além de ter umimpacto psicológico e social significativo para o indivíduo. O Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), é referência no atendimento especializado e multiprofissional e, desde 2001, já atendeu quase 4 mil pacientes com esta condição.
Por meio do Núcleo de Atendimento Integrado ao Fissurado (Naif), o tratamento e acompanhamento clínico-cirúrgico de crianças e adolescentes de zero a 17 anos é feito por profissionais das áreas de serviço social, fonoaudiologia, odontologia, pediatria, genética, neurologia, psicologia, nutrição, enfermagem, cirurgia bucomaxilar e plástica, além de otorrinolaringologia.
De acordo com a coordenadora do Naif, enfermeira Daura Porto, “a realização do diagnóstico da fissura labiopalatina ainda durante o pré-natal é de suma importância, pois permite que os pais se preparem para os cuidados necessários com o bebê.” “Além disso, esse tempo prolongado de conhecimento e adaptação à situação ajuda as mães a enfrentarem a notícia com maior preparo emocional. É essencial que os profissionais de saúde estejam capacitados para fornecer o suporte necessário e orientar as famílias sobre os cuidados indispensáveis após o nascimento”, explica a coordenadora
O fissurado passa por um processo longo de reabilitação, podendo se estender até a idade adulta. O Protocolo de cirurgia no tempo correto, aliado à reabilitação fonoaudiológica e ao acompanhamento das demais especialidades, são fundamentais para o sucesso do tratamento, e evitar sequelas graves e irreversíveis, conforme explica a assistente social do NAIF, Larissa Loiola.
“É preciso, ainda, desmistificar a condição e fornecer informações atualizadas sobre as possibilidades de tratamento para que o paciente chegue o mais cedo possível ao serviço. Nosso objetivo é trabalhar em conjunto para oferecer o melhor suporte possível aos pacientes e suas famílias”, destaca Loiola.
Para realizar acompanhamento no NAIF, a criança ou adolescente deve ser encaminhado via sistema de regulação, disponível nos postos de saúde e secretarias municipais.
Suzana Morais realiza o acompanhamento da fissura labiopalatina do filho Gabriel Wesley, 9, desde a saída da maternidade (Foto: Ana Lídia Coutinho)
Suzana Morais é a mãe do Gabriel Wesley, de 9 anos. Ela veio transferida para os Hias desde a maternidade, executando a reabilitação da fissura no lábio e palato do filho de forma precoce. Desde então, o pequeno passou por atendimento multidisciplinar, incluindo seis anos na fonoaudiologia e duas cirurgias na Operação Sorriso. Ela conta também com o apoio social da Associação Beija-Flor. Atualmente, ele recebe acompanhamento odontológico.
“O acompanhamento sempre fez muita diferença porque nunca faltamos às consultas e eu foco na melhora dele desde pequeno, antes de ele entrar na escola, para que ele não precisasse enfrentar questões psicológicas na interação com outras crianças, por exemplo. Sinto que temos o suporte adequado e ele está bem preparado para enfrentar as próximas etapas do tratamento”, afirma Suzana, explicando que o filho ainda passará por mais cirurgias.
Fissura Labiopalatina
A fissura labiopalatina é uma abertura no lábio e/ou palato (céu da boca), resultando em uma malformação congênita dessas regiões. O tratamento requer uma abordagem multidisciplinar, ou seja, vários profissionais participam do cuidado.
A causa definitiva das fendas no lábio e no palato ainda é objeto de pesquisa no mundo inteiro. No entanto, dentre os principais prováveis fatores, estão o uso de álcool durante a gravidez, cigarros, realização de raios X na região abdominal, deficiência nutricional, estresse emocional, hereditariedade, dentre outras. O problema atinge um em cada 650 recém-nascidos brasileiros, com maior prevalência no sexo masculino e da fissura do lado esquerdo do lábio.
Com informações da Secretaria Estadual de Saúde.