29 escritores participaram da Coletânea Contos Foto: Divulgação/Evento

O próximo dia 16 de novembro será especial para a turma de formandos do Ateliê de Narrativas Socorro Acioli, da Livraria Cultura. O livro de contos Farol, fruto das oficinas de escrita de nível intermediário, será lançado ao público, na Livraria Cultura, às 19 horas, pela Editora Moinhos.

Aos 75 anos, a física e advogada Ana May é uma das autoras. A experiência de vida não lhe tira o friozinho na barriga de ter sua escrita literária publicada pela primeira vez. Para ela, a escrita a conecta com as mudanças do tempo. “Penso que o viver só tem a acrescentar ao ato de escrever. Escrevendo me incluo na atualidade”, reflete.

Uma atualidade que Belle Leal, com 14 anos, a mais jovem da turma dos contistas, conhece bem. A garota já publicou dois livros juvenis e reconhece que os caminhos da literatura são possíveis como profissão, ainda que seja apaixonada pela Medicina. “Eu penso muito nisso. Não sei como seria minha vida sem escrever e também não sei como seria meu futuro sem a medicina. Minha mãe fala que eu posso levar as duas carreiras se eu me organizar. Então, eu penso nisso e o Farol me deu um gostinho de que é realmente possível”, alegra-se Belle.

Para a escritora Socorro Acioli, mentora dos iniciados e iniciantes escritores do seu Ateliê, é na diversidade que se encontra a grande riqueza humana e literária da turma. Para ela, o respeito a essa diversidade, ao estilo, aos sonhos, aos desejos de cada aluno norteou seu trabalho como orientadora. “Esses alunos entraram no curso para aperfeiçoar o tipo de texto que cada um quer escrever, sem fórmulas, sem receita de bolo, cada um do seu jeito, com o texto no seu tempo”, destaca.

O Ateliê

O Ateliê de Narrativas nasceu a partir da parceria de Socorro, já consagrada no Mercado, com a Livraria Cultura. Os encontros aconteceram de março a junho deste ano, mas planejados desde quando a escritora escolheu para si a profissão na literatura. “Meu primeiro Ateliê foi em 2009, em Cabo Verde. A partir de então, venho desenvolvendo várias possibilidades de criar esse espaço de convivência e de escrita orientada para pessoas que querem escrever diversos tipos de textos, literários ou não literários. O Ateliê surgiu para dar para outras pessoas aquilo que eu desejei tanto alguns anos antes, que é ter um espaço de formação para aperfeiçoar a escrita”, relembra.

A produção da turma que se encontrou no Ateliê e resultou no livro Farol não parou. Logo que o módulo intermediário foi concluído, em junho, a pedido dos próprios estudantes, formou-se a turma avançada, cujos encontros foram finalizados neste outubro. O resultado dessas tardes de sábado vividas na Livraria Cultura foram romances prontos ou já bem encaminhados, como o do economista Marcelo Lettieri, 47 anos , também um dos autores da coleção de contos do Farol. Ele conta que o Ateliê foi o empurrãozinho que faltava para tirar projetos antigos da gaveta. “Sem o Ateliê, ainda estaria no campo das ideias. Graças ao Ateliê, já existe um projeto [de romance] bem delineado, uma ampla pesquisa, o prólogo e partes de dois capítulos”, comemora.

O Farol não é a primeira coletânea que Socorro Acioli organiza como resultado de suas oficinas de Escrita. Em 2014, o Contos de Travessia foi lançado também como finalização de uma série de oficinas de escrita criativa, realizado em 2013, pela Fundação Demócrito Rocha, e ajudou a consolidar o formato na jornada formativa de Socorro. A escritora Bárbara Furtado acompanha as iniciativas desde essa época. Ela publicou no Contos da Travessia e publica agora no Farol. “Bom, com certeza, a diferença, pra mim, foi o grupo com que o Farol aconteceu! Como todos se tornaram extremamente unidos e amigos. Um ‘coletivo de almas’, mesmo”, resume.

O sentimento da Bárbara é reafirmado por Marcelo Lettieri quando este define a noite de lançamento da coletânea Farol. “Um misto de surpresa, alegria e euforia. Estar ao lado de amigos talentosos, cuja amizade fora consolidada tão rapidamente e no próprio contexto da produção literária de todos, é uma experiência única. Espero que seja só a primeira de muitas experiências coletivas desse grupo maravilhoso”, planeja.

A necessidade de uma formação como escritor

Uma das frases emblemáticas que conduziram os estudantes no decurso do Ateliê de Narrativas foi “a história que só você pode contar”. Socorro Acioli acredita que todos somos narradores e que é sempre necessário o trabalho de técnicas de escrita que aprimorem o escritor e lhe dê condições de contar a própria história.

Para ela, a diferença entre ser um narrador e produzir um texto literário está na formação desse escritor, como uma ponte que precisa ser atravessada. “A formação passa, primeiro, pela leitura. Os cursos, como o Ateliê de Narrativas, os cursos de Letras, faculdades com temáticas relacionadas à escrita, como Jornalismo, são de imensa ajuda para orientar um talento nato que cada um deve trazer”, enumera. Ela compartilha com o senso comum de que para alguns é mais fácil escrever do que outro, “isso é uma coisa que eu não posso dizer que não existe”, mas enfatiza que não é só do talento que se faz um bom escritor. “Existe a determinação, a disciplina, o esforço em sentar todo o dia e escrever um pouco porque escrita é trabalho”, defende a escritora já inúmeras vezes premiada, em quase 20 anos de profissão.

A Editora Moinhos

Logo que pensaram na publicação física de um livro de contos houve a preocupação pela editora que o publicaria. Socorro Acioli diz que a escolha pela Moinhos foi pela confiança na editora que vem ganhando espaço no mercado pela qualidade de suas publicações. Nathan Matos, editor da Moinhos, diz que viu no Farol uma boa oportunidade de conhecer novos e talentosos escritores. Segundo ele, 85% dos originais que lhe chegam são preocupantes.

“Não vou dizer que é de “baixa qualidade” porque o que vejo, às vezes, são ideias boas, mas mal executadas. Parece que muita gente não quer escrever, ou só quer escrever para aparecer. Tem ânsia em publicar. Evidente, pode haver os excepcionais, mas em grande parte do que recebo percebo que, talvez, se tivessem passado por uma oficina de escrita criativa, ou se tivessem ouvido mais as críticas que lhes fazem e tivessem um pouco menos de orgulho, poderiam voltar ao texto e fazer algo que agrade não apenas a si”, analisa Nathan.

Além do contato com escritores promissores, Nathan ressalta que o que lhe chamou atenção no Farol foi a disponibilidade de se escrever muito bem sobre aspectos que são a cara da nossa região.

Parceria com a Livraria Cultura

É a primeira vez que um Ateliê de escrita é realizado em Fortaleza, pela Livraria Cultura. Antes, somente as lojas de São Paulo, Brasília e Porto Alegre ofereceram aos amantes da escrita uma oportunidade como essa. O orientador pedagógico e captador de recursos da Livraria Cultura Renato Costa comemora os resultados do Ateliê de Fortaleza. “A parceria tem sido profícua. Socorro conhece muito da Cultura, a gente tem uma relação muito boa com ela. Tudo que fazemos com ela dá super certo”.

De acordo com Renato, a publicação do livro já era algo sonhado. Conforme explica Socorro, a princípio como digital, depois, a partir do engajamento da turma, como uma edição física. O Farol, completa Renato, acaba atuando como um motivador para os próximos passos, um portfólio de muita qualidade para cursos que devem ser divulgados em breve. O livro Farol vai ser disponibilizado para venda na Livraria Cultura durante e depois do lançamento, no dia 16 de novembro.

Serviço:

Lançamento do Livro Farol
Dia 16 de novembro, às 19 horas,
na Livraria Cultura (Avenida Dom Luís, 1010 – Meireles – Piso 1 – Loja 8)

Com informações da Assessoria de Comunicação

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