Além de enfrentar as questões pessoais e familiares que o isolamento social vem impondo há mais de um ano, os profissionais de educação precisaram se reinventar para dar conta de produzir conteúdo em casa e dar aulas de forma remota, muitas vezes usando equipamentos próprios para manter a conexão com os alunos. Além da carga horária dobrada, como lidar com a exaustão, o próprio luto e o dos estudantes pelo segundo ano consecutivo?
Com o objetivo de acolhê-los neste momento ainda mais delicado da pandemia, psicólogos voluntários estão oferecendo atendimento gratuito a professores de escolas públicas de todo o Brasil por meio do programa “Apoio Emocional”, projeto do Quero na Escola em parceria com a Fundação SM que faz a ponte entre profissionais da saúde mental e educadores e que atendeu mais de 2 mil pessoas em 2020.
“Nunca vi uma época como esta, em que todos estão sem norte, tendo de se adaptar a diferentes condições e tão rapidamente”, diz a psicóloga Suzete Antonieta Boteguim Petter, de São Paulo, que se inscreveu como voluntária para a segunda edição do programa.
Neste cenário de incertezas, diz a profissional, “é urgente que os professores recebam atendimento”. “Percebi a importância de estar a serviço daquilo que eu acredito para promover a saúde mental de quem está na linha de frente da educação.”
Neste primeiro mês de inscrições, o projeto teve mais de 250 pedidos de professores de 100 escolas diferentes e mais de 80 voluntários inscritos. “Já começamos a fazer as pontes e mais de 50 atendimentos ocorreram”, conta Cinthia Rodrigues, uma das fundadoras do Quero na Escola. As conexões serão feitas até julho, mas os professores e voluntários conectados podem seguir juntos.
“Por tudo que ouvimos de professores e estudantes, acredito que é urgente assumir a necessidade de acolhida. Passamos mais de um ano improvisando para tentar manter o modelo escolar de conteúdos, sem espaços para falar das perdas e criar laços essenciais ao aprendizado. Fomos todos abalados profundamente por este tempo em que os planos tiveram de ser interrompidos ou mudados, um tempo enorme especialmente na vida dos adolescentes, e faltam espaços para falar sobre os desdobramentos disso para cada pessoa”, completa Cinthia.
Interessados em receber ajuda ou atuar como voluntários no projeto “Apoio Emocional” devem se cadastrar pelo link: https://queronaescola.com.br/apoioemocional/