Já habitando este amável e aprazível planeta há priscas eras, os seres humanos vão formatando e pondo em prática leis que regem suas convivências familiares, sociais, políticas, religiosas, econômicas e tantas outras, tornando mais agradável nossa passagem por aqui e, evitando que grupos imponham suas vontades pela utilização da força física ou do poder econômico, ao menos em tese.


Além destas leis, decretos, bulas ou normas contidas em códigos, constituições, encíclicas e tratados variados, que mudam de países para países e, levam em conta, questões culturais, políticas e religiosas, temos as leis que podem ou não ter adeptos, geralmente originárias no seio da população e, tornadas universais pela literatura ou pela oralidade, sendo uma das mais célebres a lei do carma, que anuncia que toda ação tem como consequência uma reação, similar a  terceira lei de Newton, na física.


Outra lei bem popular no planeta que habitamos é a lei de Murphy, que anuncia que se algo pode dar errado, dará, tendo ainda aquela de Gérson, do sujeito que só quer ter vantagem em tudo.


Ultimamente, em decorrência de alguns problemas das grandes cidades que estão jogando âncora em nossa outrora pacata cidade do Natal, tenho procurado utilizar muito a lei do contente, ou jogo do contente como tornou popular a Pollyana quando disse que, “o jogo é exatamente encontrar, em tudo, alguma coisa para ficar contente, não importa o quê”.


Sendo uma pessoa naturalmente otimista e, confesso, crente na lei do carma, nunca tive dificuldade de aderir ao jogo do contente, instalando-o em minha constituição pessoal, como causa pétrea, até por uma simples questão de sobrevivência.


Ouvimos os médicos, terapeutas e gurus da saúde anunciando a todo tempo que a maior causa das moléstias que nos acossam são de origem psíquica num primeiro momento. Então para nos livrar das mazelas pensamentais que estão sempre sombreando nosso existir, precisamos tomar doses homeopáticas e constantes de otimismo, digerir e rapidamente evacuar o ódio, a ganância e a inveja, como preventivos de uma vida mais saudável.


Enfrentamos no cotidiano problemas como engarrafamentos, filas, impostos a pagar, notas baixas dos filhos, contas que só aumentam, notícias negativas de toda espécie, emburrecimento inacreditável e epidêmico da população, com assassinato da grafia correta e da pronúncia histórica da nossa língua, tornando nosso pseudo maravilhoso existir, cheio de armadilhas e de perigos constantes.


Diante de todas as mazelas, obstáculos e negatividades, só mesmo o jogo do contente para suavizar a travessia e evitar que descambemos de vez para a vala dos seres que só vivem de reclamar, de achar tudo ruim, de reverenciar o passado e taxar o presente de insuportável, ampliando mais ainda as agruras da contemporaneidade.


Se está num engarrafamento aproveite para ler páginas de um livro, ver as mensagens do seu celular. Se as tronchuras chegam via família, liseu ou mandinga alheia, respire fundo, veja que radicalizar e reagir de forma muito violenta é gol contra.


No jogo do contente você só ganha. Tenho sido um fiel praticante, com esporádicas falhas, claro, mas quase um devoto fervoroso. Meu testemunho é que Pollyana tem toda razão, “o jogo é exatamente encontrar, em tudo, alguma coisa para ficar contente, não importa o quê”.


Vá jogando, você merece ganhar essa parada.

 

Flávio Rezende é escritor, jornalista e ativista social em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)

 

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